De acordo com uma publicação da revista especializada East Asian Arch Psychiatry, 42% dos sobreviventes da última epidemia de coronavírus, ocorrida entre 2002 e 2003 e que levou quase 800 pessoas à morte pela Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave), desenvolveram transtornos mentais, como estresse pós-traumático e depressão.

A Saúde pública atualmente tem passado por susto que provocam medo na sociedade global, em especial, no momento em que um novo coronavírus surgiu em Wuhan, cidade situada na China. A epidemia atual já superou o número de mortes da Sars de 2002-2003.

Na última semana, um novo artigo publicado pela revista The Lancet informou que o medo é uma resposta a epidemia. O artigo trata dos impactos para a saúde social provocado pelo novo coronavírus.

No conteúdo do artigo há uma crítica quanto à falta de informação suficiente sobre programas que acompanhem e tratem a questão psicossocial dos cidadãos, mas parabeniza pelo amplo aparato e intervenção emergencial diante das crises psicológicas dos profissionais de saúde do país.

De acordo com a cartilha, os grupos de risco (infectados e familiares) devem ser assistidos para que haja uma prevenção de comportamentos impulsivos e suicidas dos envolvidos. Dentre as medidas está a inauguração de uma linha direta para atender casos emergenciais, onde os cidadãos possam ligar e receber ajuda psicológica.

A linha foi inaugurada no dia 28 de janeiro.

Risco para a saúde mental da sociedade atual

De acordo com especialistas, os paciente infectados ou que estejam sob suspeita e que estão na quarentena, podem desenvolver crises geradas pelo tédio e a solidão. Os transtornos podem ser de ansiedade, pânico, depressão, agitação psicomotora, delírio e suicídio.

Em uma análise geral, todos estão de alguma forma infectados. Desde as equipes de hospitais aos familiares das vítimas, esse fator requer atenção. Pois os esforços para combater a doença, bem como o esforço de solidariedade da família e amigos mais o sofrimento da constatação da doença, o medo de passar para os familiares tendem a gerar quadros de estresse.

Discussões entre cientistas brasileiros

Na terça-feira (11), chegou a 43 mil o número de pessoas infectadas e a 1.018 o número de mortes devido ao novo coronavírus. De acordo com a revista, é importante que os dados sejam divulgados, mas o excesso de informação pode gerar pânico mundial em relação ao coronavírus.

A professora de psicologia social da PUC-SP, Ana Block, afirma, em entrevia à Folha de S.Paulo, que o medo da infecção pode causar a sensação de que a epidemia seja ainda maior. Segundo Block, nem todas as pessoas estão preparadas para compreender as informações. Mas o professor de medicina da USP, Esper Kallás, também em entrevista a Folha, pondera que cada segundo conversando sobre os riscos da infecção e sobre a Ciência é um investimento necessário.