Em meio a diversos tratamentos testados para combater o coronavírus, o mais polêmico deles sem dúvida é a cloroquina. O remédio, que é usado geralmente em tratamentos para malária e lúpus tem sido testado e usado em pacientes com Covid-19, com algum sucesso em casos graves. E virou uma das 'armas' do presidente Jair Bolsonaro para tentar debelar a doença.
'Medicina BBB' estaria forçando médicos a usar cloroquina
No entanto, a polêmica em torno do remédio segue forte nas redes sociais, com opiniões se dividindo quanto a eficácia do remédio. Para alguns médicos, a pressão para que o remédio seja usado independente da gravidade da doença tem sido forte.
É o que atesta Luiz Vicente Rizzo. Diretor-superintendente do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, o médico afirmou em entrevista ao jornal Folha de São Paulo que médicos tem sido pressionados a usarem a cloroquina como remédio profilático para todos os casos da doença.
Na entrevista, Rizzo afirmou que a época é de 'medicina BBB', em citação ao reality show mostrado pela Rede Globo. Sobre o assunto, o diretor declarou que a pressão é forte para que os médicos receitem a cloroquina por causa das redes sociais. Até afirmou que médicos podem até ser dispensados de tratar de pacientes se acabarem negando a prescrição do remédio. "Estamos na época da medicina BBB, feita por votação. Medicina e pesquisa de rede social", disse.
Covid-19: Médico explica protocolos de uso para cloroquina
No protocolo usado pelo Albert Einstein, a cloroquina tem apenas sido usada para casos de pacientes em estado grave e na UTI. Protocolo semelhante também tem sido usado em testes do remédio pelo mundo, mas a pressão para que até os casos de sintomas mais leves também estejam dentro daqueles para os quais o remédio é prescrito.
Médicos como Nise Yamaguchi, do próprio hospital e Paolo Zanotto, da Universidade de São Paulo (USP), são dois dos profissionais citados que prescrevem e defendem o uso da cloroquina até para casos leves.
Coalizão de hospitais
O Hospital Albert Einstein tem trabalhado o lado de diversos hospitais brasileiros para testar o uso da cloroquina, sozinha ou com associação a outros medicamentos.
Os testes pretendem verificar a eficácia do remédio no tratamento de casos do coronavírus.
O prazo de divulgação do estudo deve sair em até dois meses, mas pode ser antecipado caso os resultados possam ser promissores do uso do remédio, de acordo com a informação de Rizzo à Folha.