Nesta quarta-feira (20), a secretária de gestão em trabalho da Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, informou que a exigência do presidente Jair Bolsonaro para que fosse feita a ampliação no protocolo que permite o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina em pacientes com sintomas leves da Covid-19 ocorreu após um "clamor da sociedade que chega ao ministério através de sociedades médicas, representações populares e parlamentares pedindo uma manifestação formal".
Segundo Mayra, a confecção do documento partiu do princípio de fornecer uma resposta aqueles que desejam ter a oportunidade de decidir pela alternativa apresentada.
O Brasil chegou a marca de 18 mil mortes por Covid-19, e no mundo foram registradas mais de 300 mil vítimas da doença.
De acordo com Pinheiro, a medida foi tomada pelo Ministério da Saúde porque uma camada da sociedade não tem acesso ao medicamento por questões econômicas, enquanto aqueles que têm um poder aquisitivo mais elevado conseguem a prescrição médica dos medicamentos já citados.
Bolsonaro defende uso da cloroquina no combate ao coronavírus
Pinheiro afirmou que o presidente Bolsonaro tem se mostrado preocupado com o povo brasileiro e com isso deseja disponibilizar o direito ao medicamento às classes menos favorecidas através do Ministério da Saúde.
A secretária ainda afirmou que a cloroquina poderá ser usada antes da confirmação do diagnóstico da Covid-19 para adiantar o tratamento. Mas, caso o resultado seja negativo então o medicamento será suspenso.
Para Mayra, o povo não pode morrer aguardando o resultado da sorologia que dura alguns dias.
Pinheiro, no entanto, reconheceu que não há evidências científicas de benefícios do uso do medicamento. "Estamos em um período em que mortes ocorrem em volume muito maior do que os estudos que conseguimos publicar para que possamos afirmar os resultados falando de eficácia", disse.
Cloroquina e hidroxicloroquina terão mudanças
A secretária Mayra Pinheiro afirmou que a nova orientação sobre o medicamento ainda não foi analisada pela Conitec, que tem o poder de avaliar a incorporação dos medicamentos ao SUS, ressaltando que esta falta ocorreu pelo fato de os remédios serem usados em outras doenças. Contudo, o comitê é consultado antes de fazer mudanças nas indicações de uso.
Medicamentos que são vendidos sem prescrições
A pandemia do coronavírus tem feito a medicina e os cientistas correrem contra o tempo na busca de um remédio eficaz. Há 60 dias, o presidente Jair Bolsonaro tem insistido no uso da cloroquina para o tratamento da Covid-19, mas posicionamentos contrários atrasaram o desejo do presidente, devido às informações sobre os possíveis efeitos colaterais provocados pela cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina, ou combinações das mesmas.
Em relação a essa questão, Mayra Pinheiro, afirma que há no mercado de fármacos medicamentos que possuem efeitos colaterais que podem levar a morte, mas que são liberados para uso diário sem prescrição médica, a exemplo do paracetamol.
Para Pinheiro, em situação de pandemia, o Ministério da Saúde tem a responsabilidade de "usar todos os meios e buscar as evidências" disponíveis sobre o uso da cloroquina, apesar dos estudos internacionais publicados em revistas científicas de renome não detectarem melhora na saúde de pacientes que fizeram uso do medicamento e alertarem para os riscos cardíacos.