Um estudo realizado no distrito chinês de Wanzhou e publicado na revista Nature Medicine, na última quinta-feira (18), aponta uma considerável redução de anticorpos em pessoas que foram infectadas pelo novo coronavírus e se recuperaram, especialmente entre assintomáticos.

O novo estudo tem como objetivo caracterizar a resposta imunológica de pacientes que não apresentaram sintomas e, com isso, analisar o tempo de duração da produção de anticorpos para que seja seguro colocar em prática o plano de "passaportes imunológicos" que poderão garantir o retorno com segurança a normalidade.

Coronavírus no Brasil e no mundo

Atualmente, o mundo vive uma das maiores crises sanitárias da história. O novo coronavírus já infectou mais de 8,9 milhões de pessoas no mundo, de acordo com o boletim da Universidade Johns Hopkins, sendo responsável por mais de 460 mil mortos. O Brasil, um dos novos epicentros da pandemia, já tem mais de 1 milhão de infectados e mais de 50 mil mortes.

Apesar de a pandemia ter sido controlada em boa parte da Europa, o vírus continua avançando na América, principalmente nos países sul-americanos. Em alguns países europeus e asiáticos, novas ondas (apesar de menores que as anteriores) ainda preocupam as autoridades sanitárias.

Sem uma vacina ou medicamento eficaz, fica complicado controlar as novas infecções, levando em consideração que muitos países já estudam o relaxamento do isolamento para que a economia possa ser retomada.

Vacinas contra o coronavírus

Esse novo estudo reforça ainda mais a necessidade de uma vacina que gere anticorpos e, consequentemente, imunize a população.

Apesar da OMS (Organização Mundial da Saúde) já ter declarado que cerca de 100 vacinas já estarem em desenvolvimento no mundo, e algumas já estarem bem avançadas, dificilmente teremos uma população vacinada ainda esse ano.

No entanto, ao menos 10 vacinas já se encontram em fases de testes clínicos no mundo, mas é a vacina de Oxford, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, que está mais avançada. A vacina do Reino Unido é a única que já se encontra na terceira fase de testes.

A pesquisa avançou rápido graças ao fato de que a Universidade de Oxford já desenvolvia estudos em outros coronavírus para desenvolver uma vacina para a Sars e Mers.

Isso possibilitou alguns saltos de etapas de testes para o desenvolvimento da vacina do novo coronavírus.

A China é outro país que já se encontra bem avançado em relação ao desenvolvimento de uma vacina. Atualmente, os chineses estão avaliando a dose que será necessária para gerar uma resposta imunológica satisfatória. Com isso, os chineses também estão próximos de chegar na terceira etapa, que engloba uma quantidade maior de pessoas para o teste.

Imunização de rebanho pode não funcionar

De acordo com o estudo, que analisou 74 pessoas, sendo 37 assintomáticos e 37 sintomáticos, cerca de 40% dos pacientes assintomáticos apresentaram níveis indetectáveis de anticorpos após dois ou três meses da infecção.

Já entre os sintomáticos, apenas 13% não apresentaram níveis de anticorpos consideráveis.

Ainda de acordo com o estudo, isso não significa que possa haver uma nova infecção, pois, apesar do nível de anticorpo ser baixo, ainda há possibilidade de proteção.

De acordo com os cientistas, isso ocorre por causa das células T e B, responsáveis por "memorizar" os invasores e, em caso de um novo contato com o vírus, a produção de anticorpos é acelerada.

Apesar de não se tratar de um estudo amplo (envolvendo muitos participantes), ele é fundamental para que possamos entender como o sistema imunológico funciona nos dois casos (sintomático e assintomático) de infecção. Além disso, isso pode frustrar os planos de alguns governos que optaram pela "imunidade de rebanho", que consiste na infecção de 70% da população para que as pessoas adquiram seus próprios anticorpos.