Na última quinta-feira (4), a empresa Merck Sharp and Dohme, farmacêutica americana que desenvolveu a ivermectina, divulgou um comunicado afirmando que não há evidências de eficácia do remédio contra a Covid-19, seja o tratamento de maneira precoce ou preventivo. De acordo com o comunicado, a empresa ressalta que "não há efeito terapêutico contra a Covid-19 durante os estudos" e ressaltou que "há uma escassez de dados seguros durante os estudos". A empresa completou afirmando que o medicamento só "deve ser usado para sua função original, o combate de parasitas do corpo, como vermes e piolhos".

Apesar do comunicado, a farmacêutica afirmou que seus cientistas continuam avaliando novos estudos para identificar tais evidências.

Há de se supor que a empresa tenha lucro com as vendas dos medicamentos e, certamente, não se pronunciaria caso houvesse qualquer tipo de comprovação.

Apesar do comunicado da Merck, o Ministério da Saúde insiste em recomendar o uso do vermífugo. Até mesmo uma farmacêutica brasileira chegou a contestar o comunicado da Merck.

Ivermectina faz parte do 'Kit Covid', promovido pelo Ministério da Saúde

O governo federal frequentemente incentiva, por meio do Ministério da Saúde e do próprio presidente da República, que a população faça o "tratamento precoce" com o tal kit, que tem ivermectina, azitromicina e hidroxicloroquina, combinados com mais alguns suplementos.

Vale ressaltar que nenhum desses remédios obtiveram qualquer comprovação de eficácia no combate ao novo coronavírus, e que até o momento não há qualquer medicamento ou tratamento eficaz comprovado.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump foi um dos primeiros chefes de estado a promover a cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento, o que certamente influenciou o presidente Jair Bolsonaro.

O que chama a atenção é que até mesmo outros países que iniciaram os estudos, incluindo os Estados Unidos, já suspenderam o uso do medicamento, que além de ineficaz, pode provocar efeitos colaterais, sobretudo em que tem algum tipo de problema cardíaco. Os Estados Unidos chegaram a enviar milhões de doses ao Brasil.

Até o momento, as únicas evidências de eficácia são o isolamento social e as vacinas, que já começaram a ser utilizadas ao redor do mundo, incluindo o Brasil.

Recentemente, Anfremon Neto, coordenador da UTI do Hospital Getúlio Vargas, em Manaus, afirmou "que não faltam casos de pessoas que fizeram o tratamento precoce e mesmo assim foram parar na UTI". Anfremon ainda afirmou: "todos eles fizeram tratamento com cloroquina, ivermectina, azitromicina, alguns utilizaram anita". O médico completou dizendo "que perdeu amigos e que a situação é lastimável". Manaus ainda enfrenta uma nova variante do vírus.

Já se relatam casos de pessoas que, através do uso indiscriminado do tal kit, adquiriram hepatite medicamentosa, piorando até mesmo o quadro de infecção da Covid-19.

Até o momento, o Brasil contabiliza 231.534 mortes e 9.524.640 casos de infecção pelo novo coronavírus.