Em um estudo liderado por três universidades –duas do Reino Unido (University College London e de Kent) e uma dos EUA (Universidade de Duke)– com chimpanzés de Issa, a região da Tanzânia, na África Oriental, mostrou que o comportamento humano de andar sobre duas pernas teria começado nas copas das árvores. O trabalho foi publicado nesta última sexta-feira (16), em um paper na revista científica Science Advances.

Ao longo de pesquisas antropológicas, se pensou que o ser humano teria aprendido a caminhar nas grandes savanas africanas em tempos pré-históricos.

Mas, essa visão foi testada e pesquisada e, ao que parece, cientistas vem fazendo novos experimentos que mostram que não é bem assim. Isso foi feito em um ambiente bastante semelhante com o ambiente que nossos ancestrais viveram onde há menos árvores e chimpanzés. Mas, por que essa espécie? Por ter parentesco biológico com nossa espécie.

O mesmo trabalho mostra que o comportamento de vários chimpanzés de Issa foi examinado. O ambiente desses animais se parece muito com o mosaico das savanas, ou seja, uma mistura de terra seca e poucas árvores e alguns pontos da floresta muito mais densa, tendo bastante semelhanças com o ambiente que nossos ancestrais humanos enfrentaram.

Vendo esse tipo de espaço, os pesquisadores quiseram descobrir se foi por causa desse tipo de paisagem que houve um certo incentivo para o bipedalismo (nome dado a prática de andar em duas pernas) no ser humano.

A conclusão que chegaram com os chimpanzés de Issa foi que passavam tanto tempo nas árvores quanto outros chimpanzés de florestas densas. Ou seja, mesmo com o ambiente mais aberto, eles não eram mais terrestres que outros Animais, como se pensava antes.

Os pesquisadores esperavam que eles andassem mais eretos entre a vegetação mais aberta da savana, porém, houve registro de 85% de ocorrência de bipedalismo pelos pesquisadores que estavam acontecendo nas copas das árvores.

Andando nas árvores

Para os idealizadores desse estudo, essa descoberta vai muito na contramão de teorias que estavam sugerindo que ambientes da savana, aberto e seco, teria sido crucial para nossos ancestrais humanos pré-históricos a ficarem em pé eretos. Esse estudo sustenta, na verdade, nossos ancestrais ficaram em pé por causa que aprenderam a andar por estarem justamente ao redor das árvores.

Segundo o coautor desse trabalho, Alex Piel, havia vários fatores tradicionais do bipedalismo –como ter que carregar objetos ou ver sobre vegetação altas– que estão associadas em caminhar no chão, então, se pensou que naturalmente iriam observar mais bipedalismo ali também. Porem, não foi o que os pesquisadores viram.

Dessa forma, esse estudo chega a sugerir que a diminuição das florestas, no final do período do Mioceno-Plioceno, mais ou menos há cerca de 5 milhões de anos, não foi um fator acelerador do processo do andar do ser humano. Na verdade, exatamente quando o ser humano permaneceu nas árvores teria sido essencial para a evolução da espécie, segundo Piel.