A Globoplay recentemente anunciou que irá produzir uma série inspirada na vida da vereadora do PSOL, Marielle Franco, e isso desagradou a alguns ambientes culturais.
Maurício Stycer, colunista do UOL, entrevistou a criadora da série, Antonia Pellegrino, sobre a revolta que a notícia provocou em muitas pessoas.
José Padilha
O diretor da franquia Tropa de Elite será o responsável pela direção da série ficcional que irá contar a vida da vereadora, cujo assassinato em 2018 ainda não foi solucionado.
A escalação do diretor para assumir a série causou revolta em algumas pessoas por causa de seu posicionamento político.
Ele é visto pela esquerda como um homem de direita. Este entendimento ficou ainda mais forte depois que Padilha fez na Netflix a série "O Mecanismo" (2018). A série enaltecia o então juiz da Operação Lava-Jato, Sergio Moro.
Arrependimento
Se em um primeiro momento Padilha glorificava a figura de Moro na série, o posicionamento do diretor mudou com o tempo.
No dia 16 de abril de 2019, o cineasta publicou um artigo para a Folha em que afirmava que o pacote anticrime do agora ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, favorecia às milícias.
'Samurai ronin'
No artigo, Padilha assim apelidou o ex-juiz, por acreditar que Moro tinha uma independência política, opinou o diretor. Em seu texto, ele deixou claro que reconheceu o seu erro, disse o diretor.
Antonia Pellegrino afirmou que o mudança de Opinião de Padilha em relação a Moro é um fato importante, e que ela é uma progressista e que não tem intenção de punir o diretor por algo que o próprio já demonstrou arrependimento.
Pellegrino ainda ressaltou que o diretor foi o responsável pela realização de um filme que falava sobre a ascensão das milícias no Rio de Janeiro, "Tropa de Elite 2".
Por causa disso, o diretor sofreu uma tentativa de sequestro e mudou-se para fora do Brasil com sua família.
Antonia comentou que existe o envolvimento da milícia no assassinato de Marielle Franco. A criadora da série é casada com o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), ele é reconhecido por ter uma atuação contra estes grupos criminosos.
Pellegrino também afirmou que existem riscos para os envolvidos neste tipo de série e que Padilha por morar fora do Brasil, terá mais segurança em trabalhar na série.
Representatividade
Outra crítica feita sobre a série diz respeito ao fato de não haver negros entre os realizadores da série, pois Antonia Pellegrino, José Padilha e o roteirista George Moura são brancos.
Ao falar sobre isso, a esposa de Marcelo Freixo comentou que conversou com a família de Marielle e também com Mônica Benício, viúva da vereadora e todos apoiaram o projeto.