Demorou, mas finalmente aconteceu e está acontecendo: em meio às comemorações das festas juninas, a alegria, o colorido e o enredo trazido pelos bois Garantido e Caprichoso no maior festival de bumba meu boi do mundo estão em pleno curso e atividade.
Os convidados e nativos da cidade de Parintins, perdida em plena floresta amazônica, experimentam uma verdadeira catarse de emoções. O relaxamento das restrições ao combate do coronavírus proporciona todo esse cenário revitalizador.
Primeiro dia
O dia de São João, 24/06, foi o primeiro após essa pausa obrigatória: o Centro Cultural, mais conhecido popularmente como Bumbódromo, testemunhou a presença de 25 mil pessoas, prestigiando o duelo de fantasias e enredos entre os bois mais famosos e cantados pelo Norte do Brasil.
Essa é a edição de número 55 e os bois azul e vermelho coincidem no tema escolhido para a realização do festival: a preservação da Amazônia.
O Boi Garantido abriu as festividades na noite de sexta-feira e trouxe a lembrança de todos os defensores do meio ambiente ao longo do tempo. Segundo a agremiação, os componentes optaram pelo estudo e pela inovação para desenvolver o tema proposto.
Presidente do Garantido, Antônio Andrade explica que o “vermelho” vem como uma estrutura que engloba 120 módulos de alegoria e com, aproximadamente, dois mil brincantes. Todos engajados pela atenção à conservação da floresta amazônica.
Aliás, segundo Antônio, ele espera que o desfile seja uma manifestação de grito pela manutenção do verde e pela defesa dos povos indígenas, etnia muito atacada nos últimos anos, tanto pelo discurso adotado quanto pelas agressões e invasões de suas terras.
Outro destaque presente na apresentação do Garantido foi a vinda de mulheres tuxauas que se misturaram por entre as vestimentas do “vermelho”. A intenção era mostrar um modo de expressão do empoderamento feminino na sociedade.
Tudo azul
Em seguida e na mesma noite, o Boi Caprichoso entrou no palco principal do Bumbódromo: 1,5 mil componentes tingidos de azul alegraram as arquibancadas.
Eles contaram a importância dos povos autóctones na conservação da Amazônia.
O Caprichoso trouxe um guindaste de 500 toneladas que ajudará na evolução de sua apresentação. Um verdadeiro feito quando se trata de todas as edições do bumba meu boi. Além disso, a logística é um ponto forte do “azul”: caminhões e empilhadeiras colaboram na construção e montagem das estruturas.
São 17 alegorias construídas por 11 equipes de artistas.
A apresentação do Caprichoso incluiu a encenação do ritual da tribo Tupari, a qual foi conduzida pelo pajé Erick Beltrão.
Jender Lobato, presidente do boi Caprichoso, ressalta a importância do evento folclórico, a superprodução do espetáculo desenvolvida para o público e, por fim, botou fé na vitória de sua agremiação.
Bastidores
Para fazer funcionar essa grande festa no meio da floresta, são necessários 3 mil funcionários por noite.
Sensibilizado pelo hiato forçado nos últimos dois anos, o governo amazonense destinou uma verba (considerada a maior até agora) de R$ 10 milhões. Também investiu R$ 5,7 milhões para a reforma do Bumbódromo. E dentre as melhorias, há um espaço de acessibilidade para 180 lugares reservados às pessoas com deficiência e seus acompanhantes.
O movimento esperado nos três dias de festival é calculado em 80 mil turistas e, claramente, a economia local deve receber uma injeção financeira.
A ilha de Tupinambarana, onde se localiza a cidade de Parintins, possui atrativos turísticos. Prova disso é que tanto brasileiros quanto estrangeiros vão lá, ajudando no desenvolvimento da região, na geração de emprego e de renda.
Com a suspensão das medidas de combate à pandemia, as autoridades do Amazonas creem que o setor de Turismo será bastante fortalecido.
Importante apoiador do turismo, o setor de transporte aéreo se une a esse movimento pela cultura e entretenimento regionais. A diretora-presidente da Aeroportos da Amazônia, Karen Strougo, se maravilha pela “energia das pessoas, a alegria de estar aqui depois de tanto tempo isolado e agora conectado com a terra, com a história do lugar (...) é muito emocionante.”