A Rua Camarista Méier, no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro, pode nem ser a mais famosa da região, mas com certeza nenhuma outra traz em seu nome tamanha importância histórica. Afinal, o Camarista Meyer não só era dono de boa parte das terras da região, mas acabou emprestando seu sobrenome ao bairro.
Camarista do Paço Imperial, Augusto Duque Estrada Meyer era filho primogênito de Miguel João Meyer (comendador e guarda roupa do paço) e de Jerônima Duque Estrada. A família foi dona de extensa faixa de terra entre o Engenho Novo e Inhaúma. Como pai, Augusto acabou se transformando em camarista do Paço, servindo e acompanhando o Imperador D.
Pedro II em frequentes cerimônias oficiais.
Augusto Duque Estrada Meyer também herdou do pai parte de seus bens - jóias, móveis, roupas, escravos, alguns casebres na Vila Real da Praia Grande (Niterói) e uma casa na Rua Formosa (hoje General Caldwell). Em 1870, com a morte de Dulce Duque Estrada, uma parente distante, ele herdou chácaras e terrenos deixados por ela.
Homenagem obrigatória
Ao contrário do pai, o Camarista Meyer não se preocupava em colecionar jóias, roupas, móveis e escravos: preferia aplicar em propriedades. Possuía terrenos, fazendas e imensas chácaras por toda a região.
Com a sua morte em 1882, seu patrimônio foi desmembrado e loteado pelos filhos. Quando o Camarista morreu, ainda não havia uma parada obrigatória de trens em sua propriedade.
Havia sim, diante da Chácara dos Bastos, uma estação denominada Cancela Perna de Pau, numa alusão ao português José Francisco, funcionário que cuidava dela e não tinha uma das pernas, usando um pedaço de madeira para substituí-la.
A atual estação de trens do Méier só foi construída em 1888, em terreno doado pelos filhos do Camarista, por intermédio do intendente Cândido de Carvalho.
Na cláusula 7 do termo de doação, consta que o nome da estação e do próprio bairro teria que ser Meyer, em homenagem ao fazendeiro. A data da inauguração da estação do Méier - 13 de maio de 1889 - foi escolhida para homenagear o primeiro aniversário da Lei Áurea.
Com o passar do tempo, o núcleo populacional foi crescendo junto às linhas férreas e a partir daí outras estações intermediárias foram surgindo.
A Linha Auxiliar (E. F. Rio Douro) incrementou a ocupação em outro sentido e de forma mais irregular, permitindo o aparecimento dos atuais bairros do Cachambi, Maria da Graça e Del Castilho. Em 1906, cerca de 23% da população carioca já estava residindo nos chamados ‘subúrbios’. Atualmente, a região do Grande Méier possui cerca de 600 mil habitantes.