Com cerca de 60 mil habitantes, Santo Amaro fica a 70km de Salvador e é rota quase que obrigatória para a cidade de Cachoeira e para praias localizadas no interior da Baía de Todos os Santos, como Saubara e Cabuçu, além da baía do Iguape, onde se encontram distribuídos diversos quilombos, remanescentes do período da escravidão e dos grandes engenhos de açúcar baianos.

Portanto, para quem busca uma programação diferente fora da capital, a cidade de Santo Amaro é uma excelente opção. A cidade guarda muita história, evidenciada através de seus belos casarios coloniais.

Palco de diversas festas populares, aqui nasceu o samba de roda, além de referências musicais como Caetano Veloso e Maria Bethânia. Outro destaque é o patrimônio natural que a cidade revela em seu interior.

Subestimada por muitos, Santo Amaro é tudo de bom.

História local

Os primeiros europeus chegaram no local onde hoje se localiza a cidade de Santo Amaro no século XVI, e se instalaram às margens do Rio Taripe, próximo ao mar. Antes, a região era habitada por índios Tupinambás, que travaram diversas batalhas contra os dominadores portugueses.

Assim, com o objetivo de conter as sucessivas rebeliões e de catequizar os índios, foi erigida uma capela sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário, pelos jesuítas do Colégio de Santo Antão de Lisboa.

Ao redor da capela foi se erguendo o povoado. Após incidente com um jesuíta, o povoado se deslocou.

Nesse contexto, a povoação de Nossa Senhora da Purificação e Santo Amaro foi fundada entre 1557 e 1700, no entorno do rio Subaé e da estrada que o cruzava, paralela à sua margem. As primeiras construções foram a capela de Santo Amaro e o Solar Paraíso.

Em 1560, a sesmaria que conglomerava o atual território pertencente a Santo Amaro foi doada a Francisco de Sá - filho do então governador-geral Mem de Sá – que edificou no local o Engenho Real de Sergipe. À medida que se desenvolvia, crescia a produção do açúcar, bem como, do fumo e da farinha. Nesse período, a zona rural local chegou a contar com sessenta e um engenhos e dezenas de casas de farinha.

No século XIX, o local se tornou o principal porto açucareiro do Recôncavo Baiano, tendo em vista que duas importantes vias terrestres que interligavam o Brasil, tinham o povoamento de Santo Amaro como entroncamento. Isto possibilitou que a vila se transformasse num importante entreposto comercial da região.

No entanto, é necessário destacar que, além do poder econômico proveniente da indústria do açúcar, os governantes e a comunidade local da época, tiveram uma atuação política ativa, fornecendo soldados, organizando batalhões e oferecendo suprimentos em conflitos como a Sabinada, a Revolução dos Alfaiates, a Guerra do Paraguai e a Independência do Brasil.

No ano de 1837, a vila foi elevou-se à categoria de cidade, sendo denominada como “Leal e Benemérita” Cidade de Santo Amaro.

Com abolição da escravatura e a decadência da indústria açucareira, a região, que antes era uma das mais prósperas do Brasil, passou a constituir um bolsão de estagnação econômica, como quase todo o Recôncavo Baiano.

Patrimônio Natural

Além da história que guarda, Santo Amaro também revela um extenso patrimônio natural, com paisagens que vão desde praias, a rios e cachoeiras com grandes quedas. A região conta com trilhas de diversos níveis, além de permitir as mais diversas práticas esportivas como rapel escalada, motociclismo, ciclismo e canionismo, que consiste na descida de gargantas e cânions.

Equipes como a L3 Adventure, Rappel Adventure e Leppar Adventure fazem esses roteiros. Aqui, foram catalogadas um total de vinte cachoeiras, dentre as quais se destacam a Cachoeira da Mãe d’Água, Cachoeira Vitória, Cachoeira do Saco, Cachoeira do Urubu, Cachoeira da Toca do Lobo, Cachoeira do Danilo, dentre outras.

Outro destaque é a Praia de Itapema. O acesso a essa praia se dá pela saída de Santo Amaro em direção a Cachoeira, pela BA-026 no entroncamento com a BA-878, rumo à Saubara. Em tupi, Itapema significa “pedra angular”. A praia possui um total de quatro quilômetros de extensão e está localizada no entorno da vila de pescadores de Itapema. Suas areias são escuras e amareladas, possuem bicas de água doce à beira-mar, além de um extenso coqueiral.

Patrimônio Cultural

Por possuir uma grande representatividade na história do Brasil Colônia e Império, a cidade possui dezenas de casarões históricos e ruínas de antigos engenhos de açúcar.

Para quem pretende conhecer um pouco mais da cidade quando forem suspensas as medidas de segurança contra a contaminação por Covid-19, vale a visita ao Museu do Recolhimento dos Humildes, cujo acervo possui centenas relíquias, tais como imagens barrocas datadas do século XVIII, além de um rico acervo mobiliário do século XV.

Outra dica são as ruínas da Capela de São Brás, localizada a 7 quilômetros da cidade. Esse é um dos patrimônios mais antigos do país e datam do final do século XVII.

Para quem não sabe, Santo Amaro é uma referência no Samba de Roda baiano, nomeado pela Unesco em 2005, como um patrimônio cultural da humanidade. Portanto, a Casa do Samba, instalada no solar Subaé, casarão do século XIV, é mais um espaço cultural que merece uma visita.

Festas Populares

Santo Amaro possui um extenso calendário cultural anual e é famosa por suas inúmeras festas populares, dentre as quais se destacam a Festa de Nossa Senhora da Purificação, mais conhecida como Lavagem de Santo Amaro, realizada anualmente entre os dias 24 de janeiro a 02 de fevereiro.

Em janeiro também é realizado o Terno de Reis, festejado com cortejo que leva uma multidão às ruas. Em maio, no dia 13, é a vez da Festa do Bembé do Mercado, que celebra a abolição da escravatura com a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. O festejo se dá de modo lúdico e artístico pelas ruas do pequeno distrito de Acupe.

Santo Amaro durante a pandemia

As cidades do Recôncavo têm demonstrado grande responsabilidade na manutenção das normas de segurança contra a contaminação da Covid-19. Deste modo, considera-se segura a sua visitação.