Surgido a partir dos anos 1970, apesar de ter um nome estranho, uma vez que tem sua origem etimológica no latim e grego, este fenômeno vêm se alastrando pelo mundo.

Primeiramente o Reino Unido puxou a fila dos agroglifos e geoglifos. Agora, com a entrada da humanidade no século 21, eles estão nos mais diversos cantos. Não é privilégio de uma única área delimitada. Esses símbolos e formas geométricas perfeitas podem ser achados e fotografados na Suíça, Peru, Austrália, França, Hungria e Itália, por exemplo.

E nós aqui do Brasil também temos esses desenhos magníficos e misteriosos em, pelo menos, dois locais: Santa Catarina e Acre –este último em plena floresta amazônica.

O que são estas formas

Não se trata de moda, se bem que nas últimas décadas há um aumento na quantidade destes desenhos feito na terra ou nas plantações agrícolas.

Também não se pode estabelecer um padrão para os agrogligos e geoglifos: podem variar de simples círculos concêntricos até sofisticadas combinações de formas, traços e figuras geométricas. Assim se pode definir o agroglifo.

É bom salientar que a extensão desse padrão pode variar de alguns metros a meio quilômetro de diâmetro.

Quando surgiu pela primeira vez no Reino Unido, foi uma reação popular de estranhamento, medo e curiosidade pelos agroglifos. Em seguida, pipocaram muitas hipóteses sobre a origem do fenômeno: alguns acreditam em obra feita por extraterrestres, outros acham que são condições atmosféricas especiais e existem aqueles que creem numa teoria embasada pelo misticismo/esoterismo.

Seu parente próximo, batizado de geoglifo, tem desenho semelhante, mas a diferença para o agroglifos está no aparecimento em regiões planas, morros ou até mesmo no chão. São muito comuns no Peru. E já podem ser apreciados em outros lugares como Bolívia, Estados Unidos, Chile, Austrália e Reino Unido. Um exemplo bem conhecido de geoglifo são as linhas da Planície de Nazca, no sul peruano.

Ameaçados

Sim, os desenhos encontrados na Amazônia brasileira, desde 2009, pertencem à categoria dos geoglifos. Entretanto, é uma pena que o desenvolvimento do agronegócio no Acre esteja destruindo parte dessas formas geométricas. O primeiro dos geoglifos foi identificado em 1977, numa expedição liderada pelo professor Ondemar Dias, da UFRJ.

Na opinião dele, é provável que algum povo pré-colombiano tenha feito as marcas na terra.

Em relação aos agroglifos, a polêmica cedeu lugar à trégua quando dois ingleses, Doug Bower e Dave Chorley revelaram a farsa em 1991: eles usaram uma tábua de madeira para moer trigo e milho. Também confessaram que tinham preferência por lugares de cunho turístico. A finalidade era mais visibilidade e ser o centro de conversas e discussões. No fim, tudo não passava de diversão.

Brasil na rota

No fim de 2022, a cidade catarinense de Ipuaçu registrou um agroglifo em um sítio próximo ao perímetro urbano. Lá, planta-se trigo e, na época, o proprietário declarou que não é a primeira vez que as misteriosas figuras apareceram em seu terreno.

Ipuaçu fica distante 500 quilômetros de Florianópolis e, entre os moradores, já circula a alcunha de “cidade dos ETs”. É que a partir de 2008, totalizam-se quatro agroglifos na região. O fenômeno fez crescer o turismo, despertado pela curiosidade das pessoas.

Extraordinário e intrigante

O que estarrece os cientistas não está só no fato do simbolismo das figuras, mas nas incríveis coincidências matemáticas e com temas estudados/relacionados pela própria ciência.

Serão exemplificados dois destes casos: o primeiro deles foi na Itália, em que um diagrama surgiu num campo que representava os ciclos da Lua. O mais impressionante é que o desenho guarda muita relação com equações da teoria da relatividade, criada pelo físico alemão Albert Einstein.

Na Inglaterra, registrou-se uma figura entrelaçada de 210 metros em 1996: com vários círculos e alguns traços que remetiam a hélices, os cientistas fizeram a ligação do desenho com a estrutura de DNA. Aliás, a figura é conhecida como “DNA Lunar”.

A propósito e como mais curioso ainda: os dois farsantes ingleses, Doug e Dave, que iniciaram toda a celeuma nas plantações do Reino Unido, receberam o Prêmio Ignobel em 1992, logo depois de reconhecerem a brincadeira.

O que de fato aconteceu desde que a “brincadeira” se instalou é que a complexidade das formas aumentou, a criatividade atinge níveis inimaginados e a simetria é impecável. Tudo isso obedecendo a padrões de escala no tamanho, requisito essencial para quem lida ou gosta de desenho. O mistério só aumenta.