Nesta quarta-feira (09), a empresa de consultoria Cambridge Analytica admitiu ser culpada de ignorar um aviso de aplicação da “lei de dados” depois de se recusar a divulgar as informações pessoais que possuía de um professor americano, retiradas secretamente do Facebook. A rede social declarou posteriormente que a assessoria britânica usou um aplicativo para coletar os dados pessoais de 87 milhões de pessoas sem seu consentimento, enquanto trabalhava para eleger Donald Trump. Em seguida, estrategicamente direcionou anúncios políticos e produziu pesquisas detalhadas que supostamente ajudaram na vitória do atual presidente americano.
Os dados do professor David Carroll
O professor David Carroll, da Parsons School of Design, em Nova York, entrou com um pedido formal para ver quais dados foram mantidos sobre ele depois de ler sobre o papel da Cambridge Analytica nas eleições presidenciais de 2016. Sob as leis de dados do Reino Unido, as empresas são obrigadas a divulgar o que possuem sobre qualquer indivíduo que faça tal solicitação.A SCL Elections, uma empresa controladora da Cambridge Analytica, confirmou que tinha dados sobre Carroll, incluindo métricas detalhadas sobre suas opiniões políticas, especificamente sobre como ele iria votar e quais questões como direitos de armas ou imigração o motivariam.Entretanto, a companhia se recusou a fornecer mais informações ao professor, alegando que, por ser americano e fora da jurisdição britânica, ele não tinha mais direito aos dados "do que um membro do Talibã sentado em uma caverna no canto mais remoto do Afeganistão".
A Comissão de Informações da Grã-Bretanha (OIC) discordou e emitiu uma ordem de conformidade que tornaria ilegal para a SCL ou Cambridge Analytica continuar a rejeitar os esforços de Carroll.
A decisão final
No tribunal os administradores da SCL, declararam falência em maio do ano passado e finalmente admitiram que infringiram a lei.
O juiz Kenneth Grant afirmou que a empresa demonstrou um "desrespeito deliberado" pela aplicação das leis de dados e aplicou multa de 15.000 libras (US$ 19.100) e obrigado a pagar cerca de 6.000 libras em custos judiciais. No ano passado, o Facebook foi multado em 500.000 libras por sua participação no escândalo de privacidade e atualmente recorre da decisão.
Segundo o jornal britânico The Guardian, a OIC apreendeu cerca de 80 bilhões de páginas de informações da Cambridge Analytica. O advogado de defesa Sam Stockwell disse que não foi possível entregar os dados do professor Carroll, pois, estava contido em servidores confiscados como parte da investigação.