Com a economia brasileira sob instabilidade em 2019, ela pode ser ainda prejudicada pelo boicote internacional às commodities vendidas ao exterior, em razão das queimadas na Amazônia. Diversas empresas estrangeiras estão revisando a compra de produtos brasileiros, como couro, soja e carne.

Apesar dos esforços do governo em apagar os incêndios que atingem a floresta amazônica, várias empresas estrangeiras e multinacionais já começam a ameaçar um boicote aos setores da economia e dos produtos brasileiros.

O banco nórdico Nordea decidiu suspender investimentos em títulos do Governo brasileiro, que chegam ao montante de, aproximadamente, 100 milhões de euros (cerca de R$ 450 milhões).

Segundo a Nordea Asset Management, instituição financeira sediada em Helsinque, capital da Finlândia, os investimentos em títulos brasileiros ficarão em quarentena até que a situação na Amazônia melhore.

Boicote também às exportações

As lojas de roupa Vans e Timberland anunciaram que devem deixar de importar couro brasileiro devido às mesmas preocupações. Existe temor de que as queimadas estão sendo usadas para criação de pastos de bois.

A ADM (Archer Daniels Midland) e a Bunge, duas das maiores comercializadoras de grãos dos Estados Unidos, informaram que não irão mais comprar produtos que venham de áreas desmatadas da Amazônia.

O maior temor, porém, é que esses boicotes venham dos consumidores dos produtos brasileiros, especialmente europeus.

Cada vez mais a questão ambiental tem se tornado relevante na hora de escolher o que e de onde importar.

Vários países também têm questionado os produtos brasileiros, como a Finlândia, que chegou a pedir à União Europeia que banisse a importação de carne brasileira em razão das preocupações do impacto ambiental causado para a produção.

Após o acordo firmado entre Mercosul e União Europeia, França e Irlanda, competidores da carne brasileira no mercado europeu, já ameaçam não ratificar o acordo devido a questões ambientais e sanitárias. Com a ratificação do acordo, esses países podem perder competitividade ao concorrer com a carne brasileira, que é mais barata.

Fundo Amazônia

A Noruega e a Alemanha oficializaram a suspensão dos recursos que iriam para o Fundo Amazônia em resposta ao aumento do desmatamento ilegal na região. O presidente Jair Bolsonaro tem discursado e reiterado diversas vezes que o Brasil não precisa dos recursos do Fundo Amazônia, e seu filho Eduardo Bolsonaro, deputado federal, endossou o discurso nesta última quinta-feira (29). "O Brasil não deve se prostituir por doações para a Amazônia", disparou o deputado.