O setor de roupas praticamente paralisou no país desde que começou a pandemia da Covid-19, em março. Mas, para a surpresa dos empresários, os consumidores voltaram às compras. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiros de Geografia e Estatística), apesar dos setores de vestuários, tecidos e calçados registrarem uma queda de 19,7% no último ano, o mês de julho obteve aumento nas vendas, onde registrou crescimento de 25,3% em relação ao mês anterior.

O que o brasileiro não esperava é que junto ao aumento de preço dos alimentos e materiais da construção civil, o algodão também elevasse seu preço no campo atingindo patamares de até 40% a mais que os negociados nesse mesmo período em 2019.

A safra do produto bateu recorde, porém isso não foi suficiente para que o preço do algodão se mantivesse intacto.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel, afirmou ao jornal Folha de S. Paulo, que apesar da elevação do preço do produto, ainda há defasagem entre o beneficiamento da fibra e a colheita o que pode resultar em um “estresse temporário’ no abastecimento do produto.

Uma combinação de fatores contribuiu para encarecer o algodão

A pandemia da Covid-19 obrigou a muitas empresas fechar as portas devido à crise gerada na economia, mas aliado a esse fator surgiram outros como os poucos insumos, obrigando os empresários a irem em busca da matéria-prima numa fase em que o algodão subiu de preço no campo.

No início de setembro, a pluma do algodão recuou 4%, obteve flexibilidade nas vendas e facilitou as cotações, segundo a Cepea. Mas, com a alta do dólar houve uma maior vantagem na exportação, e assim muitos produtores têm fornecido pouca pluma ao mercado interno. Essa última safra do algodão se configura num resultado recorde, mas ainda assim a pluma teve alta de 35%.

A temporada de outono/inverno de 2021 tende a fornecer esses itens há altos preços, isto porque as negociações já começam a ser feitas, e o setor já reclama da alta nos tecidos.

No momento, o quilo da malha que há um mês custava R$ 27, agora está custando até R$ 48, segundo informações da Folha de S.Paulo.

Auxílio emergencial impulsionou as vendas no setor têxtil

O governo Bolsonaro aprovou o auxílio emergencial para suprir as necessidades dos brasileiros frente a pandemia do novo coronavírus. No mês de julho, o setor têxtil sentiu o impacto positivo em suas vendas, porém com a redução do benefício em R$ 300, o setor já se prepara para nova queda no setor, atrelada à repressão que os consumidores de maior poder aquisitivo estão vivendo, segundo afirmações da Abit.

A Abit ressaltou que nos primeiros meses da crise, pessoas com maior poder aquisitivo possivelmente pouparam, mas que espera que eles voltem as compras em breve, com o fim do isolamento e retomada das aulas. De acordo com o IBGE, aproximadamente 10 milhões de brasileiros saíram do home office desde julho.