Nesta terça-feira (1º), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou um tombo histórico no Produto Interno Bruto (PIB) provocado pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Em comparação com os três primeiros meses do ano, houve uma retração de 9,7%. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, pesquisadores da FGV (Fundação Getúlio Vargas) afirmaram que esse é o pior desempenho trimestral desde 1980.

Esse segundo é o trimestre seguido de queda no PIB, caracterizando o que se pode chamar de "recessão técnica", conforme classificação utilizada pelo mercado financeiro.

Tal amplitude da queda teve início com a proposta de uma política de "desligamento" da economia, visto que as regras de distanciamento social para evitar o contágio pela Covid-19 têm provocado suspensões dos contatos em seus mais variados setores, segundo o professor da PUC-Rio Eduardo Zilbermann.

Crise da Covid-19 fecha comércios e fábricas

A crise gerada pela pandemia impôs o fechamento do comércio e das fábricas, como também da redução de trabalhadores em seus mais variados setores, dessa forma tanto as vendas como a produção chegaram próximas a zero. Nesse sentido, o PIB (medida de fluxo relacionada com a continuidade da produção ao longo do tempo) sofreu uma parada drástica e seu retorno será gradual ao longo dos meses que se seguem e não diz respeito a apenas um trimestre, pois requer mais tempo para a recuperação econômica, conforme explicação de Zilbermann.

Auxílio emergencial de R$ 600 não foi suficiente

Segundo pesquisadores, o quadro poderia ter sido muito pior, não fosse a criação do auxílio emergencial de R$ 600 que vem dando suporte financeiro às classes mais vulneráveis da população brasileira. Os dados da pesquisa ainda reforçam que o apoio do auxílio tem contribuído desde junho para minimizar a pobreza no país.

Porém, não foi o suficiente para evitar o tombo de 12,5% no consumo das famílias ante o primeiro trimestre.

PIB pode se recuperar mais rápido que países vizinhos

Em relação à indústria, houve um tombo de 12,3%. Já a compra de maquinário e serviços de obras relativas à formação bruta de capital fixo (medida de investimentos no PIB), houve uma queda drástica de 15,4%.

Entretanto, segundo Bráulio Borges, economista sênior da LCA Consultores, a economia do Brasil tende a se recuperar mais rápido que a de seus vizinhos, dado ao fato da pouca coordenação das ações do Governo, devido ao tamanho das medidas emergências e a falta de respeito com a quarentena.

Contudo, Zilbermann afirma que o país vive numa encruzilhada: de um lado as medidas emergenciais que impulsionam a economia e contribuem para a recuperação nos próximos meses, do outro os gastos públicos que ameaçam o equilíbrio fiscal. De acordo com o professor, é necessário que o país sinalize que a elevação dos gastos é temporária para enfim não perder potenciais investidores.