Nesta terça-feira (2), o podcast PrimoCast publicou uma entrevista com o ministro Paulo Guedes (Economia), que afirmou que um maior aumento do endividamento e decisões erradas na área econômica poderão levar o Brasil a virar uma Argentina ou Venezuela. A gravação foi feita na sexta (26).
"Para virar a Argentina, seis meses; para virar Venezuela, um ano e meio. Se fizer errado, vai rápido. Agora, quer virar Alemanha, Estados Unidos? [São necessários] dez, quinze anos na outra direção", afirmou.
O ministro disse ainda que para abrir o caminho da prosperidade é necessário maior controle do endividamento público, a execução da agenda liberal e a criação de contrapartidas para o pagamento do novo auxílio emergencial.
Guedes defende privatizações e critica gasto com estatais
Para Paulo Guedes, as privatizações podem gerar recursos especialmente para a população carente. Guedes ainda chegou a criticar aqueles que fazem uso de estatais para benefício político e para financiamento das campanhas eleitorais.
De acordo com o ministro, o Governo brasileiro gasta cerca de R$ 20 bilhões ao ano para manter empresas estatais que não geram lucro. Segundo ele, o país poderia ampliar os gastos em programas sociais se avançasse, especialmente, na privatização dessas empresas. Ele admitiu que há dificuldade de caminhar nesse sentido devido às pressões políticas.
Dividendos da Petrobras ao 'povo brasileiro'
O ministro Paulo Guedes defende que uma parte dos dividendos da Petrobras sejam destinados ao "povo brasileiro".
“Em vez de a União receber R$ 25 bilhões no fim do ano em dividendos, vamos receber R$ 24 bilhões e R$ 1 bilhão vai para os brasileiros mais frágeis. Faremos o maior programa de distribuição de riqueza, e não de renda”, disse Guedes.
Auxílio emergencial com contrapartida de ajuste fiscal
O ministro da Economia defende a aprovação do novo auxílio emergencial pelo Congresso, mas requer contrapartidas de ajuste fiscal de médio e longo prazo, conforme estão previstas no relatório da PEC (proposta de emenda à Constituição) Emergencial.
O projeto apresentado prevê o congelamento de salários no setor público nos momentos em que houver calamidade pública e aperto no Orçamento da União.
Guedes afirmou que continuará no cargo de ministro da Economia enquanto permanecer a confiança do presidente Bolsonaro, mas ressaltou que não pretende empurrar o Brasil para o "caminho errado", destacando que pretende continuar fazendo as coisas em que acredita para ajudar o Brasil.
Durante o podcast, o ministro ainda defendeu seu trabalho e lamentou as críticas que tem recebido tanto da imprensa como de políticos da oposição, mas reconheceu que há uma série de pendências a serem resolvidas na agenda econômica.