Parece que voltamos aos tempos da inflação das décadas de 1980 e início dos anos de 1990. A Petrobras anunciou novo aumento dos combustíveis nesta segunda-feira (1°). A partir desta terça-feira (2), a gasolina e diesel estarão 5% mais caros. A alta nas refinarias será de R$ 0,12 centavos por litro na gasolina (passando de R$ 2,48 para R$ 2,60) e de R$ 0,13 no diesel (alta de R$ 2,58 para R$ 2,71).

Disparada nos preços da gasolina e diesel

Somente em 2021 a gasolina aumentou 41,5%, e o diesel registrou alta de 34,1%. Para ter uma ideia dos aumentos, a inflação acumulada no período é de 4,13%, segundo o IPCA 15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15).

É o quinto reajuste dos combustíveis anunciado pela Petrobras no ano (cinco da gasolina e quatro aumentos do diesel). O último aumento foi em 18 de fevereiro, com acréscimo de 15,2% no valor do diesel e 10,2% no preço da gasolina.

A política de preços da Petrobras leva em conta os valores dos combustíveis cobrados no mercado internacional e a cotação do dólar. Desta forma, os aumentos devem continuar. O real tem tido desvalorização constante frente ao dólar. A cotação da moeda americana nesta segunda-feira é de R$ 5,57.

O preço do combustível que chega ao consumidor final é composto pelo valor cobrado na refinaria, impostos (Cide --contribuição partilhada--, Pis e Cofins --contribuições federais), distribuição e revenda, além dos gastos com misturas.

Governo federal

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou que zerou os impostos federais sobre o valor do óleo. A não cobrança dos impostos, que vale a partir de 1º de março, será por dois meses. O aumento desta segunda-feira deve anular o impacto da medida do presidente no preço final dos combustíveis.

Desconte com as constantes variações dos preços na Petrobras, Bolsonaro também ordenou a troca do presidente da estatal.

Sai Roberto Castello Branco e entra o general Joaquim Silva e Luna. O general escolhido estava no comando da Usina de Itaipu. Joaquim Silva também foi ministro da Defesa no Governo de Michel Temer. A mudança foi tida pelo mercado com interferência na estatal, as ações da Petrobras despencaram e a companhia perdeu bilhões em valor de mercado.

O presidente ainda editou um decreto que obriga os postos de combustíveis a informar o valor cobrado nas bombas. A descrição da composição do preço ao consumidor deve ficar em local visível. De acordo com o decreto, as informações básicas devem ser: valor do Pis e Cofins e da Cide cobrados pelo governo federal, valor de referência da cobrança do ICMS por parte dos estados, preço médio do combustível do produtor ou importador.

Além do temor de greve no setor de transportes, as medidas visam evitar o efeito cascata dos preços dos combustíveis na economia em geral e reflexo na inflação.

Até agora, as medidas do governo federal não surtiram efeito.