Um susto ou um soluço súbito foram percebidos no campo da economia brasileira. Contrariando as expectativas mais prudentes, e até pessimistas, o PIB (Produto Interno Bruto) de 2023 fechou com um número animador. Isto se considerarmos que, ao redor do mundo, a estagnação, ou mesmo a retração da economia como um todo, esteja no radar do mercado.
Parece que esse radar teve uma pane momentânea aqui no Brasil, visto que os 2,9% de crescimento são um resultado “bastante positivo”, de acordo com a avaliação do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em coletiva de imprensa realizada na última sexta-feira (1º).
O que significa mesmo?
O PIB é o somatório de todos os produtos e serviços gerados dentro do território nacional. Medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), esse indicador econômico pode ser melhor traduzido para os cifrões: o valor total chegou aos R$ 10,9 trilhões.
Sobre os setores que puxaram essa alta do PIB, não houve nenhuma grande novidade: o agronegócio continua dominando geral. O registro é de um aumento de 15,1% na produção agrícola –um recorde. Soja e milho foram os grandes protagonistas na construção desse número.
Indústria e serviços também cresceram, mas ficaram bem atrás do resultado robusto apresentado na agropecuária. Mesmo assim, não dá para desprezar os percentuais positivos de 1,6% no setor industrial e de 2,4% nos serviços.
Se imaginarmos a distribuição total do PIB para cada brasileiro, ou melhor dizendo, o PIB per capita, o valor que a cada um lhe caberia fecha em R$ 50.194,00 –um acréscimo de 2,2% em relação ao ano de 2022.
Ainda permanecendo no enfoque individual, o IBGE constatou um aumento no consumo das famílias em 2023. Existem algumas razões para esse número positivo: aquecimento do mercado de trabalho, gerando mais emprego e renda, bem como uma trégua na escalada da inflação ao longo do ano passado.
Serviços e indústria
No setor de serviços, quem garantiu a boa performance foram as atividades financeiras, a contratação de seguros e os serviços de intermediação. Mesmo assim, não se deve esquecer que outros segmentos do grupo serviços apresentaram melhora em seus índices.
Já a área da indústria obteve bom desempenho no extrativismo com ganho de 8,7%.
Isso se deve ao incremento na exploração de gás natural, petróleo e minério de ferro. Também registraram aumento os segmentos de água, eletricidade, esgoto e gestão de resíduos –alta de 6,5%.
A única queda de produção foi verificada na indústria de transformação –baixa de 0,2% no quarto trimestre de 2023.
Com a palavra
Fernando Haddad reconhece a força do agronegócio, porém destacou os consumos familiar e governamental e as exportações na composição final do PIB.
Por outro lado, observou que os investimentos não alcançaram grande projeção dentro da economia brasileira. Ele manifestou o desejo de criar condições favoráveis para atrair investimentos e que os empresários se sintam estimulados a acreditar na conjuntura econômica atual.
Perguntado sobre as expectativas para 2024, Haddad foi mais cauteloso e cravou um crescimento de 2,2% para o Produto Interno Bruto. Ele listou uma série de variáveis que influenciam na medição do PIB: entre elas, a política monetária e a estabilidade da inflação. Se tudo caminhar bem, sem sobressaltos, é possível que seu prognóstico seja revisto para cima.
O Ministro da Fazenda dedicou parte do tempo da coletiva para falar da indústria: ele demonstrou otimismo ao traçar um cenário de crescimento para esse ano. Seu pensamento é fundamentado no aumento do investimento e na retomada da importância da construção civil.