Pais, mães e/ou responsáveis já sabem que os meses de janeiro e outubro são os mais críticos para refazer os cálculos e o orçamento caber dentro dos 30 dias. O primeiro mês do ano é ingrato porque há correria para comprar os itens previstos na lista de materiais. Também não se descarta a aquisição de uniformes.

Já o décimo mês, outubro, faz sentir aquele ‘frio’ na espinha dorsal em relação às reservas de matrícula e a divulgação dos reajustes das mensalidades escolares.

E o rito não mudou em 2022: a novidade agora não é exatamente uma alegria para os bolsos dos pais.

Sim, haverá majoração nas mensalidades das escolas. Uma história que começou no ano passado e se repete hoje. Portanto, 2023 virá com mais aperto na vida financeira da família.

Mais alto

Ainda não há nada de concreto, mas a tendência é de que se aplique de 10% a 12% nos valores; esse percentual está bem além da inflação acumulada dos últimos 12 meses, a qual está medida em 7,17%.

Do lado de lá da mesa, os donos da rede de ensino particular mencionam os seguintes itens para justificar o aumento: melhoria em tecnologia, execução de reformas, aumento dos salários dos professores e cobrança de impostos.

Conforme o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo, Benjamim Ribeiro da Silva, os custos têm sido repassados gradualmente, reflexo do período mais duro da pandemia de coronavírus.

Ele disse que, provavelmente, os estabelecimentos particulares diluíram os custos através da linha do tempo e, para não impactar no orçamento doméstico das famílias, esses últimos reajustes começaram e vão continuar no futuro.

Olhar para a realidade

Já o presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares, Bruno Eizerike, compreende o repasse dos custos, mas ele lembra de que quase 80% da população brasileira está em situação de endividamento.

Alguns domicílios têm conseguido sair do atoleiro financeiro após a crise generalizada causada pela pandemia. É o caso dos trabalhadores da iniciativa privada que, gradualmente, vêm recuperando o que ganhavam antes.

Para dar aquela ‘mãozinha’, algumas instituições têm facilitado o pagamento das mensalidades. Uma escola de São Paulo esticou o prazo de 12 para até 16 meses.

No estado, a taxa de inadimplência está em torno de 8%.

Em Goiás, os estabelecimentos de ensino fizeram ressurgir o mecanismo do escambo: aceita-se a quitação ou o desconto da mensalidade em troca de produtos ou serviços ofertados pelos devedores.

Transparência

As escolas pertencentes à rede privada têm a obrigação de detalhar os gastos previstos para o próximo ano numa planilha de custos e apresentá-la aos pais. Porém, há aqueles mais ‘apressadinhos’: no Distrito Federal, por exemplo, acumulam-se reclamações acerca desse ‘pulo orçamentário’ e as escolas simplesmente não mostram os cálculos e nem comunicam a justificativa para tal aumento.

Caso você se enquadre nisso, recomenda-se procurar órgãos de defesa do consumidor como o Procon e o Ministério Público.

No estado de São Paulo, são aproximadamente 2,5 milhões de alunos matriculados em escolas particulares. E dependerá de cada estabelecimento educacional determinar qual o percentual de majoração nas mensalidades escolares.

Segundo Benjamim Ribeiro da Silva, uma das melhores opções é que pais e representantes da escola cheguem a um acordo, a uma negociação em conjunto. Ele sugere, inclusive, a extensão do pagamento para até 20 parcelas. Uma alternativa é buscar desconto na taxa de rematrícula, para sentir menos o peso ao longo do ano letivo.

Sentando e conversando

Numa escola do Noroeste do estado de São Paulo, oferece-se um atendimento individualizado aos pais para que se chegue ao consenso; isto é, que seja um alívio para o pai do aluno e que não comprometa a saúde financeira da instituição.

O diálogo também serve para frear a evasão de alunos e evitar o prejuízo no desempenho/rendimento do estudante.

Se alguém questiona sobre estes aumentos na educação, é bom ficar informado: não há nenhum dispositivo legal ou legislação dentro do território nacional que fixe, limite ou determine os índices de reajustes feitos pelos estabelecimentos de ensino.

Nesse caso, o melhor é fazer os cálculos, botar a boca para funcionar e entender qual é a melhor solução para si. E entender quem também precisa transmitir suas necessidades para passar conhecimento às gerações futuras.