Mais focado na formação intelectual, investigativa e formadora de opinião do que apenas estimular a compra e o porte de armas, o Governo federal muda sua estratégia ao lançar uma campanha direcionada à Educação.

A primeira meta do Mais livros, menos armas é formar uma nação leitora de brasileiros. Assim prega o Secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura, Fabiano Piúba.

Para o pontapé inicial, ele destaca que as políticas públicas voltadas para a leitura devem ser resgatadas e uma delas é a PNLL (Plano Nacional de Livro e Leitura).

Dentro desse plano, as primeiras iniciativas serão centradas na implantação e modernização das bibliotecas escolares. Tanto da rede pública como aquelas que se localizam dentro das escolas.

Deposito de livros

Piúba adota o conceito da Unesco (ramo da ONU dedicado à educação) de que as bibliotecas são dínamos culturais, e não somente depósito de livros.

Outra faceta ruim que atinge as bibliotecas são o seu fechamento nos últimos anos. Mesmo com dados relativos a 2009, o Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais apontou que mais de 1.150 cidades não tinham esse espaço de leitura.

Se trouxermos para atualidade, 991 cidades do Brasil não têm biblioteca pública e de todos os estados da federação, apenas dois deles –Sergipe e Amapá– estão com todos os municípios atendidos por bibliotecas públicas.

A estratégia do governo é contribuir para a difusão da leitura, com mais cidadãos exercendo e apreciando o gosto pelo livro. Segundo o ponto de vista das autoridades federais, essa política colabora na diminuição dos índices de violência e criminalidade, ao mesmo tempo que incentiva a cultura.

Promessa de campanha alardeada em 2022, o presidente Lula disse que iria atrás de mais material literário e de menos armas de fogo. Defendeu a abertura de mais bibliotecas e menos apoio a clubes de tiro.

Livro verde

Piúba declarou que pensa em trazer uma ideia bem-sucedida em Medellín, Colômbia. Lá, existe o projeto denominado Bibliotecas Parque: são espaços culturais onde se criam e se desenvolvem várias atividades com objetivos educativos e lúdicos voltados à participação popular.

O secretário afirmou que “quer desenvolver também uma ação para as Bibliotecas Parque em áreas de periferia, em áreas de vulnerabilidade, não necessariamente nas capitais.”

Outra proposta para embasar o esforço em direção à leitura está na bibliodiversidade. Piúba crê na compra de obras variadas, escapando do clichê das editoras da Região Sudeste. Estendendo um pouco mais sobre a palavra bibliodiversidade: consiste em abraçar a diversidade regional, de editoras e os autores independentes.

Também abrange a diversidade cultural e das etnias.

Convidada para inserir sugestões na reativação do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a Secretaria de Formação, Livro e Leitura tem a intenção de dar um kit de livros contendo títulos da literatura infantil, brasileira e universal. Esse fornecimento estaria ligado àquelas famílias que receberão as chaves do imóvel inscrito no projeto Minha Casa, Minha Vida.

Pouco animador

O Brasil não tem feito a lição de casa no quesito leitura ou formação de leitores. Uma pesquisa publicada em 2019 pelo Instituto Pró-Livro mostra menos brasileiros lendo. Pelo menos, é o que se constata no período de 2015 a 2019. Se antes, o número de leitores chegava a 104,7 milhões, agora isso encolheu para 100,1 milhões.

Uma diferença (para pior) de 4,6 milhões que deixaram de ler.

Fora isso, a pesquisa reforça uma estatística que insiste em ficar grudada, feito chiclete no sapato: o Brasil ainda mantém a proporção de 50% de público não leitor. Outro item que não desgruda é o analfabetismo funcional: três em cada dez brasileiros com faixa etária compreendida entre 15 e 64 anos não entendem o que leem.

Para Piúba, “a criança precisa ser alfabetizada no tempo certo e os jovens têm que chegar ao ensino médio não com analfabetismo funcional, mas aptos a dar um salto maior para chegar à universidade com essa capacidade de leitura e escrita.”