Muitos países da Europa declararam guerra ao coronavírus e desde então severas medidas vêm sendo adotadas pelos governos para conter o avanço da pandemia. Brasileiros que moram no exterior têm relatado suas rotinas de prevenção e como as regiões em que vivem estão lidando como problema.

A Blasting News conversou nesta quarta-feira (18) com exclusividade com uma brasileira que está morando em uma pequena vila francesa. Ela relatou como os cerca de 300 habitantes de lá estão encarando a situação, medidas de prevenção que foram adotadas e também sobre a preocupação dos familiares.

Viagem para a Europa antes do coronavírus

Insatisfeita com seu emprego em São Paulo, a diretora de arte Agatha Campos, de 31 anos, decidiu realizar um antigo sonho e, depois de um ano de planejamento, em janeiro de 2019 deixou seu trabalho para mochilar pela Europa. Seu primeiro destino foi Londres, cidade que a encantava e na qual enxergava uma grande oportunidade de estudar inglês.

Depois de um ano na capital inglesa, em janeiro a brasileira decidiu fazer novamente a mochila e viajar pelo leste europeu. Em 3 de fevereiro ela desembarcou na França, e uma semana depois chegou a La Palud sur Verdon, pequena vila que fica em uma região montanhosa e vive praticamente do turismo de aventura.

Agatha contou que nessa vila está fazendo workaway, que consiste em trocar algumas horas de trabalho por hospedagem e alimentação fornecida pelo anfitrião.

Ela está hospedada na residência de um casal proprietário de uma agência de viagem para esportes de aventura, sendo o marido um francês e a esposa inglesa. Ela os ajuda a cuidar das ovelhas e lhamas, criadas no sítio casal, faz alguns serviços de jardinagem, além de cuidar da atualização do material publicitário da empresa.

Point da vila fechado por causa do coronavírus

A brasileira conta que por ser o período de baixa temporada o centro da vila já estava fechado. Apenas um bar, um pequeno mercado e uma padaria ainda funcionavam. Nesta semana o bar parou de funcionar e apenas o mercado e a padaria ainda mantêm suas atividades.

Na padaria só entra uma pessoa por vez e na fila de espera do lado de fora é preciso manter distância uns dos outros.

Sobre a questão de falta de produtos, Agatha conta que quando esteve no mercado na última terça-feira (17) não encontrou papel higiênico e cebola.

“Como é uma vila de 300 habitantes, o bar é onde você recebe a notícia, é o social da vila, então isso parou”, diz. Ela relata que não há mais movimentação de carros aos finais de semana.

Nenhum caso de coronavírus registrado

Sobre a rotina dos moradores da vila, Agatha conta que está havendo um controle sobre as pessoas que circulam na cidade e para poder sair da casa para cuidar das ovelhas precisou assinar um documento. Ela diz que por enquanto ainda não foi registrado nenhum caso de coronavírus no local. “Por ser uma vila pequena as pessoas já iam ficar sabendo”, diz.

Um fato curioso ocorrido na vila foi quando no mercado os moradores estranharam a presença de quatro desconhecidos. Eles acreditam que isso seja porque pessoas estão buscando sair dos grandes centros para lugares menos movimentados.

Coronavírus não é apenas uma gripe

Agatha reforça que é preciso tomar muito cuidado com o coronavírus, que é altamente contagioso e fez o mundo parar. Ela afirmou que na vila as pessoas entenderam como necessária a paralisação e estão respeitando as determinações.

“A verdade é que o mundo parou e tem que parar. Temos que pensar nas pessoas mais vulneráveis agora, aqui eles super respeitam e entendem como necessária essa paralização, até para evitar uma piora nos casos”, disse.

Preocupação dos familiares

Sobre a preocupação dos familiares, Agatha diz que eles perguntam como está a situação e se mudou o cotidiano da vila. Ela entende como uma vantagem estar fora dos grandes centros.

“Tanto eles, quanto eu, sabemos que o melhor agora é ficar por aqui e esperar a situação melhorar. Mesmo por que as fronteiras estão fechadas e acredito que não deva ter muitos voos saindo agora”, disse.