A cloroquina, remédio que virou um dos assuntos mais discutidos durante a pandemia do coronavírus, voltou ao noticiário. Tudo por causa de uma decisão nesta segunda-feira (15) nos Estados Unidos, que desautorizou o uso da droga para tratamento de pacientes com Covid-19.
A Food and Drug Administration (FDA), órgão do governo dos EUA que controla o uso de remédios, anunciou que revogou autorização para que a cloroquina e a hidroxicloroquina possam ser utilizados para tratar casos mais graves da doença no país.
Motivos para 'barrar' a cloroquina
Denise Hamilton, cientista-chefe da FDA, argumentou sobre a decisão da agência de revogar a permissão para que o remédio pudesse ser implementado para o tratamento da Covid-19.
"Não é mais razoável acreditar que as fórmulas orais HCQ (hidroxicloroquina) e CQ (cloroquina) são eficazes no tratamento da Covid-19", declarou.
A recomendação afirmava que os dois remédios, geralmente usados para malária, lúpus e outras doenças, pudessem ser usados fora de ambiente de testes clínicos para tratamento de pessoas com coronavírus, geralmente aquelas com sintomas mais graves. A decisão fora promulgada em março.
Remédio polêmico
Desde que a cloroquina passou a ser ventilada como potencial substância no combate à Covid-19, uma série de controvérsias surgiram em torno da droga. Em especial pelo uso político do produto por Donald Trump e Jair Bolsonaro.
O presidente dos Estados Unidos foi um dos que mais falou sobre o remédio e seu uso no combate ao coronavírus.
Em uma entrevista, chegou a dizer que estaria tomando por conta própria a droga por alguns dias a fim de uma suposta prevenção ao vírus que o remédio daria.
Jair Bolsonaro, por sua vez, fez propaganda do remédio em suas lives e demitiu dois ministros da Saúde (Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich) que se recusaram a modificar protocolos para permitir que a droga fosse usada amplamente no combate ao coronavírus, como queria o presidente brasileiro.
Eduardo Pazuello, atual titular da pasta, aceitou a modificação do protocolo para acatar a opinião de Bolsonaro.
No entanto, diversos resultados de estudos demonstravam que a cloroquina não tinha eficácia alguma, no tratamento da doença, e que o uso da droga poderia aumentar risco de problemas cardíacos e até de morte em pacientes.
Trump doou cloroquina para o Brasil
A revogação de tal medida acontece depois do governo dos EUA doar cerca de duas milhões de doses do remédio ao Brasil, uma decisão comemorada pelo governo brasileiro e que demonstrava mais um gesto da proximidade ideológica entre os presidentes dos dois países.
O anúncio da suspensão da norma do uso emergencial da cloroquina e da hidroxicloroquina, no entanto, não deve fazer os EUA revogarem o envio da doação de remédios para o Brasil.