Na última quinta-feira (10), o juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelas ações da Operação Lava Jato no Paraná, determinou a abertura de inquérito em desfavor do ex-governador paranaense Beto Richa (PSDB). A suspeita seria o envolvimento do político em recebimentos de vantagens indevidas e valores não contabilizados em troca de favores ilícitos junto ao governo do estado do Paraná.

O magistrado, que havia recebido no mês de abril cópias processuais enviadas pelo ministro do Supremo Tribunal da Justiça (STJ), Og Fernandes, decidiu, após análise minuciosa de todo o conjunto probatório dos autos, inclusive de reprodução das delações premiadas da construtora Odebrecht, enquadrar como investigado o peessedebista Beto Richa.

O ex-governador é suspeito pelo suposto recebimento de propina compensada com benefícios ilícitos favoráveis à empreiteira, enrustidos na duplicação da Rodovia Federal PR-323, em 2014.

O político foi citado em delações da construtora pelo ex-executivo Valter Lana, que respondia pela Odebrecht no Sul do país, e por Benedicto Júnior, ex-presidente do Departamento de Operações Estruturadas da empreiteira. Os colaboradores delataram Richa recebeu o equivalente a R$ 2,5 milhões a título de caixa dois para custear a campanha eleitoral a governador em 2014.

Eles revelaram ainda que a Odebrecht considerava Richa um aliado com potencial, mas não admitiram uma contrapartida de forma específica. Desta feita, Moro intimou rapidamente a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) para dar seguimento às apurações pelo período de 30 dias, podendo ainda ser prorrogado por igual período.

O juiz fundamentou a determinação alegando que faz parte de sua competência objetos de litígios que se relacionam com a campanha a reeleição do ex-governador do estado do Paraná Beto Richa. Ademais, naquela época, foi elucidado que realmente houve suspeitas correlacionadas ao governo estadual em âmbito licitatório de obras da rodovia arrolada, informou o juiz.

Outra cópia da documentação processual também foi enviada à Justiça Eleitoral com a finalidade da apreciação política, uma vez que, o acusado tem intenção de concorrer a novo cargo eletivo. O ministro do STJ, ao enviar as cópias dos autos, atendeu ao pedido da Procuradoria-geral da República (PGR), requerido logo após Richa deixar o governo do Paraná para concorrer ao Senado Federal em outubro próximo.

O processo foi decretado como segredo de Justiça. Até o momento não houve manifestação por parte do ex-governador Beto Richa, informou a equipe de reportagem do portal de notícias G1.