Nesta segunda-feira (28), quando o presidente Jair Bolsonaro estiver internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, para a retirada da bolsa de colostomia, o vice-presidente Hamilton Mourão assumirá pela segunda vez como presidente em exercício do Brasil.

A primeira vez que Mourão assumiu a presidência foi durante a viagem de Jair Bolsonaro para o Fórum Econômico Mundial de Davos, Suíça.

Mourão exercerá a função até as 48 horas seguintes ao fim da cirurgia, e o que provavelmente será visto é o estilo contundente e direto e que, muitas vezes, o coloca em posições contrárias às defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro.

O que foi planejado por Mourão foi uma "interinidade discreta" e fazer o que foi combinado com o presidente Bolsonaro. Isto foi realmente o que aconteceu quando Bolsonaro esteve fora do país. O vice apenas despachou formalidades e o único decreto assinado por Mourão foi o que ampliou o número de servidores com autorização para classificar documentos como secreto e ultrassecreto, decreto este previamente combinado com Jair Bolsonaro antes da viagem a Davos.

Todavia, com as declarações diárias para a imprensa e frases de efeito, Mourão deixa claro que não aceitará a função de vice decorativo, que é o que deseja boa parte dos aliados de Jair Bolsonaro.

A ideia inicia era que Mourão assumisse a Presidência somente nas quatro horas de cirurgia, período em que o presidente estivesse inconsciente.

Mas esta ideia foi colocada de lado e o vice-presidente assumirá o posto durante a cirurgia e nos dois dias seguintes, como confirmado pelo Planalto.

O núcleo duro do Governo (do qual fazem parte os filhos do presidente Jair Bolsonaro), não está satisfeito com o estilo de Mourão que não deixa de expor suas opiniões contrárias às declarações de Jair Bolsonaro, por outro lado, esta característica agrada aos militares do governo.

Um exemplo de declaração conflitante com a declaração do presidente foi a opinião de Mourão sobre a situação do deputado federal Jean Wyllis (PSOL) que desistiu de assumir o terceiro mandato e deixar o país por causa das ameaças sofridas.

Enquanto os Bolsonaros comemoraram a atitude de Jean Wyllis, Mourão foi pelo caminho da moderação ao declarar seu repúdio contra as ameaças sofridas pelo parlamentar do PSOL.

Imprensa

Enquanto o clã Bolsonaro tem a característica de ter um relacionamento não muito amistoso com a imprensa, pois o presidente e seus filhos são conhecidos por criticarem-na frequentemente, o vice por sua vez fez uso das redes sociais para elogiar o trabalho da imprensa.