A procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, entrou em crise com os procuradores após ir até o Supremo Tribunal Federal (STF) questionar o acordo estabelecido pela Lava Jato e a Petrobras. Conforme nota da Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR), a tentativa de cancelar o acordo para o repasse de R$ 2,5 bilhões ao fundo criado pela operação mostra o enfraquecimento da força-tarefa e também do Ministério Público Federal (MPF).

A diretoria da ANPR explicou que a não destinação de recursos para o fundo poderá significar a "devolução dos recursos", pois a União não é o destinatário legítimo do valor.

Com isso, a nota deixou claro que os recursos seriam utilizado através de proposta no combate à corrupção, saúde e educação da sociedade.

A ANPR também criticou o fato de que o assunto está tramitando na primeira instância do Ministério Público Federal e a associação cita ser algo negativo o posicionamento de levar o caso até o STF. A nota também sinaliza que houve excesso da Procuradoria, pois os procuradores naturais do caso sinalizam que reavaliariam a questão. Contudo, a nota diz que foi desnecessário a ação do ponto de vista jurídico e institucional.

Em outro ponto, a nota rebate Dodge, dizendo que não seriam procuradores que iriam gerir os recursos da fundação. No entanto, haveriam procuradores no conselho curador, e que isso não bastava para igualá-los como gestores de recursos.

Raquel Dodge

Segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, esta foi a maior enquadrada que a Operação Lava Jato teve desde seu início. Recentemente, a operação completou 5 anos. O fato, segundo o jornal, de Dodge ter confrontado a Lava Jato e, ainda por cima, censurar o procurador Deltan Dallagnol, trouxe indignação aos outros procuradores de todo o país.

A procuradora terminará seu mandato na PGR em setembro. Contudo, sua continuação no cargo ainda está indefinida.

Fundação da Lava Jato

A fundação teria o objetivo de gerir R$ 2,5 bilhões de recursos recuperados oriundos das investigações da Lava Jato. O acordo foi feito com o Departamento de Justiça dos EUA, que concordou em devolver US$ 682 milhões em multas, pois a Lava Jato foi utilizada para acusar a Petrobras de ser omissa perante aos crimes de corrupção que prejudicaram investidores.

Segundo a Folha, Dodge teria ficado "enfurecida" com a Lava Jato por não tê-la avisado da criação do fundo e do repasse bilionário.