O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), foi multado no ano de 2012 por pescar em uma área protegida na Estação Ecológica de Tamoios, região de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. A multa no valor de R$ 10 mil foi aplicada pelo servidor do Ibama José Olímpio Augusto Morelli, que ocupava um cargo em comissão como chefe do centro de operações do órgão ambiental, que era subordinado à Diretoria de Proteção Ambiental. Na época Jair Bolsonaro era deputado federal.
Nesta quinta-feira (28), sete anos depois, o servidor foi desligado do quadro de colaboradores do Ibama.
Não há nenhuma informação se sua demissão seria um pedido de Bolsonaro, mas coincidentemente, Morelli foi o único servidor entre os nove que ocupam o mesmo cargo neste nível hierárquico que foi exonerado pelo governo.
Funcionário concursado, José Olímpio Augusto Morelli foi o fiscal que assinou o auto de infração e também o relatório de flagrante de Jair Bolsonaro. Além de aplicar a multa ao então parlamentar carioca, o servidor também fez uma foto onde o atual presidente aparece de sunga dentro do bote inflável que usava para pescar. Por ser uma área protegida, é proibida a presença de qualquer pessoa no local.
Bolsonaro se defende de acusação de servidor do Ibama
A autuação foi registrada no dia 25 de janeiro de 2012 e algumas semanas depois durante um pronunciamento na Câmara dos Deputados, Bolsonaro se defendeu e criticou Morelli.
Segundo ele, o servidor agiu com arrogância dizendo que não importa se é deputado ou não, a pesca é proibida no local, respeitando o decreta que os parlamentares votaram. “Tive que sair como um cachorro”, disse o então deputado federal afirmando ainda que os parlamentares não votaram o decreto citado por Morelli.
Na época, Bolsonaro ameaçou dizendo que iria voltar a pescar no local no Carnaval daquele ano e que se alguém aparecesse com ignorância o “bicho iria pegar”.
O então parlamentar não chegou a voltar ao local.
Ministro disse que Bolsonaro recebeu multa ideológica
O Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que o simples fato de Bolsonaro portar uma vara de pescar em uma área protegida não era evidência suficiente para uma autuação. Para ele, foi uma multa por “questão ideológica”.
Salles disse que Bolsonaro não foi multado por pescar. “Foi multado, porque estava com uma vara de pesca”, disse o ministro em entrevista a Folha de S.Paulo. O jornal enviou um pedido de esclarecimentos sobre o caso ao Ministério do Meio Ambiente, mas não teve resposta, porque Ricardo Salles determinou que o órgão não deverá responder diretamente à imprensa.