A prisão do ex-presidente Michel Temer, ocorrida na manhã desta quinta-feira (21), em São Paulo, pela força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro, segue repercutindo. Em seu desembarque no Chile, onde participa, dentre outros compromissos, de um encontro entre chefes de Estado de países sul-americanos, o presidente Jair Bolsonaro comentou sobre o fato ocorrido com seu antecessor.

“A Justiça nasceu para todos e cada um que responda pelos seus atos”, falou o presidente em uma rápida conversa ainda no aeroporto de Santiago. Para Bolsonaro, “acordos políticos dizendo-se em nome da governabilidade” provocaram situações que acarretaram na detenção do ex-presidente, juntamente com o ex-governador do Rio de Janeiro, Moreira Franco.

Bolsonaro disse ainda que não é dessa forma que se governa, com esses tipos de acordos, e sim indicando pessoas competentes e sérias para integrar o governo. “É assim que fiz no meu governo, sem acordo político”, falou o atual chefe de executivo.

Na capital chilena, Bolsonaro se encontrará nesta sexta-feira (22) com presidentes de outros sete países sul-americanos, quando será discutida a criação do Prosul, um fórum de desenvolvimento econômico regional e que deverá substituir a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), na época criado quando a América do Sul era governada por presidentes majoritariamente de esquerda, em 2008. Agora o cenário é oposto, com a maioria dos governantes sendo de direita.

No sábado (23), ele se encontrará com o presidente do Chile, Sebastián Piñera.

O encontro poderá isolar ainda mais politicamente o presidente venezuelano Nicolás Maduro, uma vez que todos os chefes de Estado que estarão reconhecem o líder opositor Juan Guaidó como legítimo presidente daquele país.

Prisão de Temer

A prisão de Temer teve como base a delação do empresário José António Sobrinho, dono da construtora Engevix.

O delator revelou que pagou, a pedido do coronel João Baptista Lima Filho, de Moreira Franco e com conhecimento de Temer, 1 milhão de reais em propina. O esquema de corrupção do qual o ex-presidente é suspeito de participar envolve mais de R$ 1,8 bilhão em propinas, entre prometidas e pagas.

Por volta das 17h25, Michel Temer desembarcou no aeroporto na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro.

Ele foi encaminhado até a superintendência da Polícia Federal, no Rio de Janeiro, onde permanecerá preso preventivamente. Antes de embarcar para o Rio, o político fez exame de corpo de delito e viajou em uma aeronave bimotor da Polícia Federal.