Nesta quarta-feira (27), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, deu uma declaração afirmando que o governo ainda não teve seu início de fato e criticou o presidente Jair Bolsonaro, dizendo que ele está "brincando de presidir" o Brasil.
No entanto, a declaração de Maia ocorreu após uma entrevista do presidente da República à TV Bandeirantes na qual Bolsonaro afirmou que Maia está abalado por questões de cunho pessoal. Durante a entrevista, o presidente disse que não tem nenhum problema em relação a Maia, mas que ele tem se mostrado abalado com assuntos pessoais.
As questões afirmadas por Bolsonaro não foram especificadas, mas ele chegou a dizer que alguns desses assuntos do presidente da Câmara teriam caráter emocional. O ex-ministro Moreira Franco foi solto na última segunda-feira (25) após passar quatro dias preso. Moreira Franco é padrasto da esposa de Rodrigo Maia.
Após a entrevista do presidente concedida à Bandeirantes, Maia foi indagado sobre Bolsonaro ter dito que nesse momento não irá procurar por ele para conversarem pelo fato de ele estar abalado. Maia replicou dizendo que os brasileiros é que estão abalados e, desde a posse do presidente no dia 1º de janeiro, estão esperando que o Governo tenha início. Ele ainda falou que 12 milhões de brasileiros estariam desempregados e 15 milhões vivem atualmente abaixo da linha da pobreza, e que a capacidade de investimento do Estado vem diminuindo cada vez mais, e a taxa de homicídios cresce a cada dia.
Maia, visivelmente irritado com as declarações dadas pelo presidente, disse que essas brincadeiras não deveriam existir e que os governantes deveriam ocupar seus lugares determinados e iniciarem as resoluções dos problemas de urgência do país.
A respeito das declarações de Maia, Bolsonaro lamentou que ele tenha dito tais palavras e disse não acreditar no que o presidente da Câmara havia dito, por se tratar de uma pessoa que preside uma casa.
Ele questionou a fala de Maia a respeito de ele estar brincando de ser presidente e disse que, se esperam que ele faça como os antecessores, ele não irá fazer. Bolsonaro ainda completou dizendo que sua forma de governar é respeitar seus colegas políticos e acima de tudo o povo brasileiro.
Divergências públicas
As divergências entre Maia e Bolsonaro a respeito da reforma da Previdência e sobre a quem caberia articular os votos para que houvesse aprovação da reforma tornaram-se públicas.
O presidente tem atribuído a responsabilidade ao Congresso, enquanto Maia questiona que o presidente não pode passar a obrigação da articulação política.
Felipe Francischini (PSL-PR) declarou que a reforma da Previdência só será aprovada de forma rápida --como é de desejo do presidente-- se a base aliada do governo se mostrar mais organizada e racional. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, declarou que a relação entre o governo e o Congresso precisa ser melhorada.