A Agência Lupa, que cuida de checar se as informações disseminadas pelo país são verdadeiras, publicou recentemente um texto em que alerta sobre três indícios de que o governo de Bolsonaro está dificultando o acesso às informações públicas. E o primeiro alerta a respeito veio ainda em novembro de 2018. Ao realizar sua primeira entrevista como presidente eleito, Bolsonaro autorizou apenas a entrada de nove veículos de comunicação do país. Os veículos que ficaram de fora da coletiva foram: O Globo, Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, Valor Econômico, CBN e EBC.
Apesar do acesso a informação ter virado notícia, ele foi passado para o público como um contratempo. Os apoiadores do presidente na época, afirmavam que o acontecido ocorreu devido à falta de espaço no local onde estava acontecendo a coletiva. A entrevista dada pelo presidente estava ocorrendo em sua residência. O que muitos afirmaram que seria importuno acomodar a todos.
A prática de excluir alguns veículos de comunicação, no entanto, virou parte da rotina do presidente. Recentemente, ao ter desentendimentos com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, Bolsonaro impediu que alguns veículos participassem da sua entrevista.
O alerta de número dois foi acionado quando um link sumiu de forma surpreendente do site da Sala de Apoio à Gestão Estratégica (SAGE), parte do Ministério da Saúde.
O site oferece informações públicas a respeito de programas mantidos pelo ministério.
Na mesma semana, ocorreu o terceiro alerta a respeito. O presidente concedeu uma entrevista ao Jornal da Record, no dia 1º de abril, e foi firme em seus comentários a respeito da credibilidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Bolsonaro afirmou que os dados do Instituto a respeito da taxa de desemprego não refletem a realidade. Esta foi uma tentativa do presidente de tirar o crédito da pesquisa que dias antes o IBGE havia publicado, dizendo que a taxa de desemprego entre 2018 e 2019 teria tido um aumento.
Órgão público rebate críticas
O órgão público, no entanto, rebateu as críticas do presidente.
Eles se mostraram abertos a possíveis sugestões e estão à disposição do governo e da população que desejar saber mais a respeito do trabalho realizado por eles. Ainda completaram que suas pesquisas seguem uma metodologia adotada de forma internacional.
Em outras esferas do país, o comportamento do presidente também é refletido. De acordo com a Agência Lupa, a jornalista da Ponte Jornalismo se inscreveu para uma coletiva de imprensa em que João Doria iria falar em São Paulo, e apesar da confirmação, não pôde falar ao microfone durante o evento. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou uma nota em repúdio ao acontecimento.