Depois de balançar por vários dias no cargo e ter sua saída negada algumas vezes, Ricardo Vélez Rodríguez foi exonerado nesta segunda-feira (8) do Ministério da Educação. A decisão foi anunciada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro (PSL) em uma postagem nas redes sociais.
A decisão já era esperada desde a sexta-feira (5), quando Bolsonaro disse que “segunda-feira vai ser o dia do 'fico ou não fico'”. Na manhã desta segunda-feira, eles tiveram uma reunião no Palácio do Planalto na qual o ministrou soube de sua exoneração.
Durante seus quase 100 dias no cargo, o agora ex-ministro enfrentou desentendimentos entre seus assessores e algumas polêmicas.
Para o lugar de Vélez, o presidente anunciou a chegada do professor Abraham Weintraub.
Comunico a todos a indicação do Professor Abraham Weintraub ao cargo de Ministro da Educação. Abraham é doutor, professor universitário e possui ampla experiência em gestão e o conhecimento necessário para a pasta. Aproveito para agradecer ao Prof. Velez pelos serviços prestados.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) April 8, 2019
As polêmicas do ex-ministro
Vélez tomou posse em 1º de janeiro e, desde então, sua gestão à frente do MEC foi marcada por declarações polêmicas e desentendimentos internos.
A última das polêmicas tem relação com a data de 31 de março de 1964. O ministro afirmou que pediria que os livros didáticos fossem revisados no tocante ao golpe militar.
Na ocasião, Vélez defendeu que “seja resgatada uma versão da história mais ampla”. Ele ainda afirmou que o golpe não ocorreu e que não houve ditadura após 1964.
Outro assunto que repercutiu mal na pasta foi uma carta do MEC enviada às escolas na qual pedia que os alunos fossem filmados cantando o Hino Nacional. Diante da reação negativa que o fato gerou, a pasta desistiu da ideia.
Dentre as várias demissões que marcaram a passagem de Vélez pelo MEC está a do presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Marcus Vinicius Rodrigues. Ele estava à frente do órgão responsável pelo Enem e também editou a portaria que adiava a avaliação da alfabetização no Brasil. Ao todo, houve ao menos 14 trocas de cargos importantes no ministério desde a posse do agora ex-ministro.
Ricardo Vélez é o segundo ministro a deixar o governo de Jair Bolsonaro. A primeira baixa ocorreu no mês passado, quando Gustavo Bebianno deixou a Secretaria-Geral da Presidência da República, depois de uma crise com o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro.
Quem é o novo ministro da Educação
Anunciado momentos depois da demissão de Vélez, o novo ministro da Educação é Abraham Weintraub, que já fazia parte do governo e estava atuando como secretário-executivo da Casa Civil, segundo cargo mais importante daquela pasta, e atuou também na equipe do governo de transição.
Professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Weintraub atuou por mais de 20 anos no mercado financeiro. Ele é mestre em Administração na área de finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e é formado em Ciências Econômicas pela Universidade de São Paulo (USP).