Nessa quarta-feira (17), o deputado federal Marco Feliciano (Podemos-SP) apresentou um pedido de impeachment contra Hamilton Mourão, o vice-presidente.

O pedido de Feliciano argumentava que as suas rações para protocolar tal impeachment se referem a uma suposta deslealdade de Mourão ao presidente da República Jair Bolsonaro. De acordo com Feliciano, essa deslealdade se deve às declarações desencontradas da dupla presidencial.

Em diversas ocasiões, Mourão deu declarações que caminhavam na contramão daquelas fornecidas pelo próprio Bolsonaro. Essas declarações podem ser interpretadas como um crime de responsabilidade, se tornando suficientes para dar suporte ao pedido de Marco Feliciano.

Falta de unidade governamental

No texto do pedido de impeachment, Feliciano discute que as críticas e contradições de Mourão a Bolsonaro sempre ocorrem em via pública. De acordo com o deputado, isso demonstraria falta de unidade dentro do Governo Federal, o que ele considera prejudicial ao Brasil. Portanto, esses fatores evidenciam, na opinião de Feliciano, a deslealdade de Hamilton Mourão ao governo.

O deputado ainda ressaltou que, durante a campanha eleitoral, pontos de vista foram defendidos pela chapa. Esses pontos devem ser mantidos uma vez que Bolsonaro e Mourão foram eleitos. Portanto, o general não poderia se manifestar contrariamente ao que foi posto na ocasião da campanha.

Entre os argumentos destacados pelo deputado federal do Podemos, está um tweet da polêmica jornalista Rachel Sherezade.

Na ocasião, Rachel teria dito, por meio de suas redes sociais, que Jair Bolsonaro representava o vinagre e Hamilton Mourão representava o vinho. Para Feliciano, o fato de que Mourão curtiu a mensagem postada por Rachel Sherezade não poderia ter concorrido, uma vez que isso demonstra concordância com as afirmações da jornalista.

Além de tudo o que foi mencionado, o pedido de impeachment de Marco Feliciano ainda alega que ao aceitar fazer parte de uma chapa, o general Mourão acabou por abrir mão de certas liberdades de expressão. Dessa forma, se em momentos anteriores o general possuía o direito de manifestar a sua opinião, qualquer que fosse, esse direito agora deve ser delimitado pela necessidade de ser leal ao Brasil e a Jair Bolsonaro.

Feliciano ainda afirma que, para ele, é pouco importante o fato de haver ou não um crime de responsabilidade. De acordo com o deputado, deve-se usar como critério para tal situação apenas a conveniência, de modo que o Parlamento deveria definir se as ações de Mourão podem ser consideradas ou não suficientes para que o pedido seja atendido.

O pedido do deputado federal será analisado por Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente da Câmara. Porém, Feliciano diz ter consciência de que as chances de aprovação do seu pedido são baixas. De acordo com o deputado, trata-se de um “tiro de prata”. Ele ainda afirma que antes do impeachment da presidenta Dilma Roussef, foram protocolados outros 19 pedidos.