A procuradora da República e ex-chefe da Lava Jato em São Paulo Thaméa Danelon saiu em defesa do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, após ele ter conversas privadas com o procurador Deltan Dallagnol divulgadas pela mídia.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, a procuradora disse que as conversas são "absolutamente normais" entre o ex-juiz e integrantes da força-tarefa da Lava Jato e fazem "parte do mundo jurídico". Ela disse estranhar que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) tenham criticado tal fato, sendo que alguns deles já apareceram em conversas reservadas com investigados, e ela afirma que a repercussão foi bem menor.
Thaméa, de 45 anos, deixou a Lava Jato no mês de janeiro alegando compromissos familiares. Atualmente, ela está na 6ª Vara Criminal que visa combater crimes de lavagem de dinheiro.
Na concepção da procuradora, a intenção das pessoas que atacam Sergio Moro é destruir "a maior operação contra a corrupção do mundo". Para ela, alguns ministros da mais alta Corte do país querem polemizar os vazamentos das conversas. Contudo, ela ressaltou que eles deveriam "aplaudir de pé" a Lava Jato.
Embora não tenha citado nomes, Thaméa disse que vários ministro da Corte já foram citados com investigados, com atuações supostamente irregulares. No entanto, tudo foi amenizado e nada foi levado adiante.
As mensagens entre Dallagnol e Moro foram divulgadas no domingo (9) pelo site The Intercept Brasil.
Nos diálogos, Moro conversa com o coordenador da Lava Jato sobre andamentos de processos, incluindo a ação penal que levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro. O site diz que as mensagens foram obtidas por meio de uma fonte anônima. A Polícia Federal investiga a possibilidade de uma ação de hackers.
Desvio de foco
Thaméa Danelon acredita que a intenção dessa repercussão dos vazamentos seria uma foma de desviar a atenção de fatos corruptos que devastaram os cofres públicos e a Petrobras. Seria a forma de tirar a atenção desses fatos criminosos graves, disse.
A procuradora lembrou que muitas pessoas esquecem do valor que a Lava Jato conseguiu devolver à Petrobras com as investigações realizadas.
Ela citou o valor de R$ 2 bilhões devolvidos à estatal petrolífera graças aos trabalhos da força-tarefa que foram conduzidos pelo ex-magistrado Sergio Moro.
Thaméa também reiterou que investigados confirmaram e confessaram os crimes contra o país. No entanto, agora, tentam destruir a maior operação anticorrupção do mundo.
A entrevistada também afirmou que se houve uma indicação de pessoa sugerida por Moro a ser ouvida, "não há problema algum que ele queira ouvir essa pessoa". Vale ressaltar que Moro supostamente indicou uma testemunha a Dallagnol para ser ouvida numa das ações penais.