A divulgação de inúmeras reportagens vinculadas ao site de notícias The Intercept Brasil acabou conturbando a cúpula do governo federal. Isso porque, ao divulgar as matérias, o The Intercept ainda disponibilizou uma série de troca de mensagens que seriam atribuídas a um diálogo entre o então juiz federal Sergio Moro, e atualmente Ministro da Justiça do governo Bolsonaro, e o procurador do Ministério Público Federal Deltan Dallagnol.

Publicadas no último domingo (9), diversos juristas foram convocados por veículos de comunicação para avaliar a atuação de Moro e Deltan no diálogo.

Lenio Streck, profissional da área citado por Deltan Dallagnol na conversa com Moro, foi entrevistado pelo ABC Agora 2ª edição, que conversou com o jurista.

As mensagens atribuídas a Moro e Dallagnol podem indicar que o ex-juiz federal conduzia as ações dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato, em direta conduta de influência dentro do Ministério Público Federal. As mesmas, segundo apontam especialistas como Streck, podem resultar em inúmeros recursos e penas aplicáveis no âmbito da força-tarefa.

Lenio Streck acredita em liberdade de Lula

Lenio Streck foi citado em alguns dos trechos do diálogo divulgado pelo The Intercept Brasil. Deltan Dallagnol, em conversa com Moro, acabou citando o advogado e professor da Unisinos.

Streck comentou sobre o diálogo divulgado e afirma enxergar elementos no diálogo entre Moro e Dallagnol que leve à anulação dos processos. Segundo o jurista, o teor observado nas mensagens pode, inclusive, levar à libertação do ex-presidente Lula, preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

Em entrevista, Streck citou que os elementos maiores (e os que ainda estão por vir, como ele menciona), indicam que Sergio Moro, então juiz relator da sentença do ex-presidente, estava suspeito.

"A defesa do ex-presidente levantou várias vezes essa suspeição e não conseguiu comprová-la", destacou Streck em conversa no ABC Agora 2ª Edição, nesta segunda (10).

O jurista, ao longo da entrevista, ainda teceu crítica à postura de Moro e Dallagnol, alegando que nem juiz e nem mesmo promotor podem "torcer para um lado", e ainda rebateu o procurador do MPF, que fez uso de aspas para mencionar Streck como "jurista".

Por fim, Streck ainda fez um questionamento, imaginando se no lugar de Deltan Dallagnol fosse Cristiano Zani, advogado de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Não seria o maior escândalo da República?", questionou.

As reportagens, segundo informou o dono do portal The Intercept, Glenn Greenwald, estão apenas no início, e novas informações devem ser divulgadas ao público em breve.