O ex-procurador da Operação Lava Jato Carlos Fernando dos Santos Lima utilizou o seu Facebook para compartilhar uma reportagem sobre uma suposta gravação que envolve Leandro Demori, editor executivo do site The Intercept Brasil.
Conforme informações do site Poder 360, cuja matéria foi atualizada nesta quarta-feira (3), a gravação foi realizada pelo jornalista Oswaldo Eustáquio e divulgada pelo site República de Curitiba. De acordo com a publicação, a gravação mostra "possíveis erros" na reprodução dos diálogos entre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e o procurador da República Deltan Dallagnol.
Na concepção de Carlos Lima, a denúncia é grave e precisa ser investigada.
Na gravação, segundo Eustáquio, o editor do The Intercept, um dos responsáveis em publicar os diálogos, conversa com colegas sobre a "Vaza Jato". Segundo o áudio, Demori teria dito: "a gente tá passando recibo […] A gente escolheu pra nós. Ta aqui ó, ninguém faz isso. A gente tá passando recibo. A gente tomou uma decisão". A conversa teria acontecido em um café na cidade de São Paulo.
Ainda segundo Eustáquio, Demori e seus interlocutores comentam possíveis erros nas mensagens, que poderiam estar fora de contexto. no áudio, uma declaração atribuida a Demori cita que está tudo errado: "nomes, datas, blocos, citação". Outro jornalista que participava do café teria também mencionado a seguinte frase: "absolutamente tudo errado".
Procurado pela reportagem do Poder 360, Leandro Demori não quis comentar sobre o assunto.
Legalidade do áudio
O jornalista Oswaldo Eustáquio afirmou que os áudios, cuja veracidade não foi comprovada, são legais e que o editor do site The Intercept e seus colegas falaram em voz alta. Em uma declaração feita ao site República de Curitiba, Oswaldo disse que conseguiu flagrar a conversa de uma forma lícita, já que eles estavam conversando em lugar público e em uma altura elevada de vozes.
Suposto erro de edição
Segundo informou o Poder 360, internautas teriam questionado o site que divulgou os diálogos de Moro e Dallagnol após o fundador do Intercept, Glenn Greenwald, ter trocado o nome de um procurador. Apenas para ressaltar, em 29 de junho, pouco antes de mais mensagens serem divulgadas à imprensa sobre as supostas conversas do ministro, Glenn, através do seu Twitter, teria se referido a um procurador pelo nome de Ângelo Goulart Villela, sendo que, na verdade, o nome desse procurador era Ângelo Augusto Costa.
Ao ser questionado sobre esse fato, Glenn apenas disse que foi um "erro de edição".
Foi um erro de edição apanhado pela checagem de fatos antes da publicação.
— Glenn Greenwald (@ggreenwald) 29 de junho de 2019
Esse erro chegou a ser mencionado por Sergio Moro através do seu Twitter, onde o ministro alertou para as possíveis adulterações nas mensagens.
Isso só reforça que as msgs não são autênticas e que são passíveis de adulteração. O que se tem é um balão vazio, cheio de nada. Até quando a honra e a privacidade de agentes da lei vão ser violadas com o propósito de anular condenações e impedir investigações contra corrupção?
— Sergio Moro (@SF_Moro) 29 de junho de 2019