A revista Veja, em parceria com o site The Intercept Brasil, publicou nesta sexta-feira (5) novas mensagens que envolvem supostos diálogos entre procuradores da Lava Jato e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Um fato que chamou a atenção foi o relato de uma conversa entre Moro e o apresentador da Rede Globo Fausto Silva.

Conforme divulgação da revista, em maio de 2016 Moro teria comentado com o procurador Deltan Dallagnol que o apresentador Faustão teria o cumprimentado pelos trabalhos desenvolvidos na Operação Lava Jato e dado um conselho.

Segundo a reportagem, Faustão disse que os procuradores e o próprio Moro deveriam dar entrevistas com uma linguagem mais simples para que as pessoas pudessem compreender mais. De acordo com o apresentador, esse é um conselho de quem está há mais de 28 anos na TV. A Veja procurou Faustão para se manifestar sobre a veracidade desse diálogo, e o global confirmou que se encontrou com Moro e que teria feito essa sugestão.

Embora a revista Veja tenha publicado esses novos diálogos vazados, onde Moro supostamente orientou procuradores a anexar provas mais consistentes fortalecendo a parte acusatória do processo, o ministro do governo Jair Bolsonaro afirmou que não reconhece a autenticidade dessas conversas e ressalta que é vítima de um ataque ilegal de hacker.

Em suma, Moro também afirmou que sempre trabalhou corretamente dentro da lei como juiz federal.

Procurados pela Veja

O procurador da República Deltan Dallagnol e o ministro Sergio Moro foram procurados pela Veja para poderem se manifestar sobre as novas mensagens. No entanto, eles se negaram a receber a reportagem. Tanto o ministro como o procurador pediram que o material fosse enviado de forma virtual para eles analisarem, mas a Veja insistiu que fosse pessoalmente.

Em nota divulgada, o Ministério da Justiça disse que a Veja se recusou a fornecer as mensagens para que fosse feita uma avaliação. Além disso, o ministro, por não reconhecer a autenticidade das mensagens, acredita que a intenção de criminosos seria anular condenações criminais e impedir novas condenações.

STF e Cunha

Nos supostos diálogos divulgados há a menção do nome do ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin.

Deltan Dallagnol teria ido falar com ele e voltou festejando dizendo que "o Fachin é nosso".

Em outro ponto das conversas, Moro supostamente também demonstra que é contra um acordo de delação do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha. Moro via a delação como um acordo político e não concordava.

Contudo, a assessoria do ex-magistrado disse que eventual colaboração de Cunha jamais tramitou na 13ª Vara Federal de Curitiba.