A Polícia Federal constatou que há uma incompatibilidade nas movimentações financeiras feitas pelos suspeitos de terem invadido os celulares do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, do procurador da República Deltan Dallagnol e de outras autoridades. O ex-DJ Gustavo Henrique Elias Santos e sua mulher Suelen Priscila de Oliveira foram presos nesta terça-feira (23), sendo alvos da Operação Spoofing, que investiga a invasão dos celulares das autoridades.
De acordo com informações da PF e divulgadas pelo jornal O Globo, há movimentações suspeitas nas contas deles, superando os valores das rendas que foram declarados por ambos.
Na conta do ex-DJ, ocorreram transações de R$ 424 mil entre os meses de abril e junho do ano passado. Na conta da sua esposa, foi movimentado R$ 203 mil entre março e maio deste ano. No entanto, a renda mensal de Gustavo é de R$ 2,8 mil e de Suelen R$ 2,1 mil.
Tanto o ex-DJ quanto sua esposa estão sendo interrogados, juntamente com mais dois suspeitos: Walter Degatti Neto e Danilo Cristiano Marques. Todos, por enquanto, presos em Brasília.
O advogado de Gustavo e Suelen, Ariovaldo Moreira, disse nesta quarta-feira (24) que os dois fizeram aquelas movimentações mediante operações com criptomoedas.
Declarações do juiz
O juiz Vallisney de Oliveira, pertencente à 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília, ordenou que fossem feitas a quebra de sigilo bancário e telemático, e bloqueio de ativos financeiros de todos os suspeitos.
O juiz ressaltou que é preciso averiguar "eventuais patrocinadores" das invasões criminosas dos celulares.
O juiz ainda reiterou que todo o processo será mantido em sigilo por conter informações pessoais nos autos, o que não poderia ficar a disposição da imprensa. A única divulgação até o momento é a decisão do próprio juiz.
Organização criminosa
Vallisney de Oliveira afirma que por trás dessas invasões há indícios de uma "organização criminosa", com o intuito de violar sigilo telefônico de autoridades brasileiras.
Segundo o magistrado, os criminosos aproveitaram da vulnerabilidade das redes de comunicações.
A PF também alertou que o celular do ministro da Economia, Paulo Guedes, também pode ter sido hackeado.
O grupo preso teria atacado mais de mil telefones recentemente.
O diretor do Instituto Nacional de Criminalística, Luiz Sprício, comentou, em uma coletiva, que no celular de um dos suspeitos havia um aplicativo que estava vinculado ao ministro Paulo Guedes.
O invasor do celular do ministro chegou a conversar com várias pessoas, inclusive com jornalistas.
As investigações começaram após os ataques no celular de Sergio Moro.