O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), foi duramente criticado por algumas entidades por ter proibido a entrada de uma equipe de reportagem do jornal O Globo para cobrir uma entrevista coletiva sobre o Réveillon de Copacabana na manhã desta terça-feira (3).

Segundo as entidades que defendem a liberdade de expressão, Crivella agiu de maneira autoritária, violando a Constituição Federal. Alguns especialistas ouvidos pelo portal UOL entendem que, por ser um agente público, o prefeito carioca mostra uma atitude arbitrária porque a Constituição garante a liberdade de expressão e informação, o que segundo o advogado Marcus Vinícius Cordeiro, que dirige o setor de comunicação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), proporciona aos órgãos de imprensa o amplo direito de exercer seu trabalho com liberdade.

De acordo com o representante da OAB, atitudes como a do prefeito Marcelo Crivella em relação aos meios de comunicação estão se tornando cada vez mais rotineiros. O advogado ainda lembra o episódio envolvendo o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que excluiu o jornal Folha de S.Paulo de uma licitação federal, além dos ataques que o órgão vem sofrendo por parte do político e seus aliados. Segundo Cordeiro, atitudes desse tipo contribuem para criar uma imprensa chapa branca. "Vemos isso com gravidade", disse o advogado.

População é prejudicada com atitude de Crivella, diz diretora de ONG

Para Denise Dora, diretora executiva da ONG Artigo 19, que tem como foco de atuação a defesa dos direitos humanos e o acesso à informação, situações como a envolvendo o prefeito do Rio de Janeiro prejudicam a população, que acaba ficando sem receber informações de fontes variadas.

Ela chamou a atenção para o fato de autoridades brasileiras estarem fazendo de tudo para enfraquecer alguns meios de comunicação com atitudes como corte de assinaturas de jornais em algumas repartições públicas, boicote de anunciantes e a recusa em conceder informações importantes ou entrevistas a determinados órgãos de imprensa.

Dora cita casos de jornais como Folha e Estado de S. Paulo, que segundo ela, tem um papel importante na história do país. Ela afirma que os ataques e boicotes a esses veículos representam um atentado à liberdade de imprensa. Da mesma forma, segundo ela, com atitudes desse tipo, a população vê com ameaça o seu direito de receber informações por fontes diferentes.

A representante da ONG destaca ainda que esse tipo de autoritarismo expresso não combina com as obrigações dos governantes que se elegeram dentro de um regime democrático que valoriza a diversidade de escolhas e opiniões.