Nesta terça (25), um vídeo começou a circular pelo WhatsApp convocando a população a participar de um protesto a favor do Governo Bolsonaro e contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). O ato está marcado para o dia 15 de março.
Após o presidente Jair Bolsonaro compartilhar o vídeo no WhatsApp, políticos e parlamentares reagiram de forma negativa quanto a postura do presidente, pois consideram um ato de desrespeito ao princípio de separação entre os poderes, colocando em risco a democracia brasileira.
O deputado e líder da oposição Alessandro Molon (PSB-RJ) propôs uma reunião de emergência com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-RJ).
De acordo com as palavras de Molon, as forças democráticas devem se unir contra o poder autoritário que se levanta no país.
No Twitter, o presidente Jair Bolsonaro afirmou trocar mensagens com algumas poucas dezenas de amigos e que em suas redes sociais há notícias que a imprensa tradicional não divulga. Ele ressaltou que qualquer conclusão fora do contexto é uma tentativa de “tumultuar a República”.
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso afirmou que aquele que não se posiciona contra tal atitude está concordando com o presidente Bolsonaro e, portanto, indo contra a democracia. Em concordância está o governador de São Paulo, João Doria, que chamou a atitude de Bolsonaro de "lamentável".
O protesto teria partido do general Augusto Heleno
A jornalista Vera Magalhães, do jornal O Estado de S. Paulo, teve acesso à mensagem e confirmou que ela partiu do celular utilizado pelo presidente Bolsonaro. De acordo com o jornal O Globo, a proposta do protesto partiu de uma sugestão do general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), após discussões com o Congresso Nacional sobre o controle na execução de emendas parlamentares voltadas para o Orçamento da União.
Com isso, o general teria se reunido com o presidente Bolsonaro e sugerido que convocasse o povo às ruas.
Conteúdo da mensagem de Bolsonaro
No screenshot publicado por Vera Magalhões é possível ler a mensagem com a introdução ao vídeo marcando a data da manifestação (15 de março) e a assinatura do “General Heleno/Cap Bolsonaro”, além de afirmar que "o Brasil é nosso, Não dos políticos de sempre".
Já o vídeo contém imagens que apelam para o emocional da população brasileira. Dentre as imagens está o momento em que Bolsonaro foi esfaqueado, em 2018, seguidas de outras no hospital e acompanhadas de legendas como “Ele quase morreu por nós”, além de convidar a família brasileira a rejeitar os inimigos da nação e seguir a Bolsonaro que "está enfrentado a esquerda corrupta".
A legislação brasileira proíbe que um presidente realize atos que contrariem a Constituição Federal e o livre exercício do Poder Legislativo, por este motivo tal movimento instigado pelo presidente pode se configurar em crime de responsabilidade. Contudo, a manifestação já estava sendo articulada por bolsonaristas semanas antes da sugestão do general Heleno.