O miliciano e ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, morto neste domingo (9), na Bahia, durante uma perseguição policial, teria fugido da fazenda onde estava duas horas antes da operação realizada entre as polícias da Bahia e do Rio de Janeiro.

Adriano fugiu da fazenda em que estava escondido em Esplanada, cidade do interior da Bahia. Ele guiava uma picape Toyota Hylux branca e percorreu cerca de oito quilômetros até a chácara do vereador Gilsinho da Dedé (PSL-BA), onde tentou se esconder.

A ação conjunta da Polícia Civil do Rio de Janeiro e do Bope da Bahia mobilizou 70 agentes. Policiais teriam acertado dois disparos em Adriano, que morreu no local.

O secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, informou nesta segunda-feira (10) que o inquérito sobre a operação que ocorreu no domingo vai ser concluído em 15 dias. Ele negou que a morte do Chefe do Escritório do Crime seja "queima de arquivo".

A investigação também está apurando suspeitas que Adriano praticou lavagem de dinheiro na Bahia por meio de compra de animais e terras no estado. As declarações do secretário foram feitas durante entrevista à TV Bahia.

A operação apreendeu 13 aparelhos celulares, está foi a maneira que Adriano conseguia se manter escondido, e não ser rastreado, tanto que a polícia do Rio não tem conversas grampeadas do miliciano, ele usava, apenas o sinal de wi-fi para se comunicar, trocando frequentemente os chips.

Quem era o miliciano e ex-capitão Adriano da Nobrega?

Adriano da Nóbrega era um ex-capitão do Bope da Polícia Militar do Rio de Janeiro, ele era suspeito de comandar uma milícia no estado e integrar um grupo de assassinos profissionais. Ele foi preso e solto algumas vezes por assassinato e por tentativa de assassinato. Em 2014, ele foi expulso da PM por ligação com bicheiros.

Entenda os elos entre o miliciano e Flávio Bolsonaro

Adriano da Nóbrega é citado na investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro sobre a ‘rachadinha’ do gabinete de Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, quando ele era deputado estadual. As contas do ex-pm foram usadas para transferir dinheiro para Fabricio Queiroz, assessor do filho de Bolsonaro, que é suspeito de comandar o esquema.

Fabricio e Queiroz se conheceram quando trabalharam juntos no 18º Batalhão da PM, através de Queiroz que a mulher de Adriano, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, foi trabalhar como assessora de Flávio na Alerj, entre 2007 a 2018, e a mãe de Adriano, Raimunda Veras Magalhães foi contratada em abril de 2016 e ficou até novembro de 2018.

A reportagem do "Fantástico", da TV Globo falou sobre o caso e procurou o advogado de Flávio Bolsonaro que declarou que Adriano da Nóbrega não faz parte da investigação da rachadinha, e que ele não tinha relação com o ex-pm, e em relação às homenagens feitas para Adriano na Alerj, o advogado disse que ele era um herói da PM e que jamais iria saber que ele se envolveria em crimes posteriormente.

No entanto, miliciano foi preso em 2005 preventivamente pelo homicídio de um guardador de carros, e mesmo assim ele recebeu a condecoração de Medalha Tiradentes, e homenageado com moção de louvor pela sua atuação como policial.

Ligação do miliciano com a morte de Marielle Franco

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) afirma que Adriano não era suspeito da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, mas ressalta a ligação com a família Bolsonaro.

Freixo afirmou que Adriano tinha relações comprovadas com a família de Bolsonaro, mas ele não era suspeito da morte da vereadora. Ele ainda ressaltou que é possível afirmar que a execução foi queima de arquivo, por não ter informações detalhadas, não teria Adriano indícios ao contrário do que acontece com Ronnie Lessa.