No último sábado (15), o presidente Jair Messias Bolsonaro se pronunciou pela primeira vez sobre sua relação e sobre a morte do miliciano Adriano da Nóbrega, criticando a ação da PM da Bahia e responsabilizou o PT por queima de arquivo. Neste domingo (16), no entanto, o presidente voltou a atrás e afirmou que o mais sensato é esperar pelos resultados das investigações.
Num evento ocorrido no Rio de Janeiro, o presidente afirmou ser ele o elo da família Bolsonaro com o miliciano Adriano da Nóbrega, que faz parte de uma organização criminosa especializada em matadores de aluguel, dentre outros tipos de crimes.
Bolsonaro acrescentou que foi ele quem pediu para Flávio conceder as honrarias a Adriano em 2005, que na época era policial militar. "Eu determinei. Manda pra cima de mim", disse Bolsonaro. "Sem querer defendê-lo, não conheço a vida pregressa dele. Naquele ano [2005] ele era um herói da Polícia Militar", continuou.
Na ocasião, os jornalistas perguntaram se teria sido ideia do presidente conceder emprego à esposa e à mãe de Adriano, ao que o presidente prontamente respondeu que os repórteres estavam passando para especulações absurdas.
Nas palavras do presidente, a morte do miliciano é de responsabilidade da Polícia Militar da Bahia. Ele ainda comparou o caso à morte do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel (PT).
Segundo o presidente, o partido "nunca se preocupou" em explicar, "muito pelo contrário".
Alfinetadas nas redes sociais
No domingo (9), a Polícia Militar da Bahia realizou uma operação que ocasionou na morte de Adriano da Nóbrega, considerado um dos chefes do Escritório do Crime, e que, em contrapartida, já foi homenageado por Flávio Bolsonaro em 2005.
Ao ser perguntado sobre o acompanhamento das investigações, o presidente falou que o responsável é a "PM da Bahia, do PT", e concluiu a resposta com uma pergunta: “precisa falar mais alguma coisa?”.
Em resposta ao presidente da República, o governador Rui Costa afirmou que "o Governo do Estado da Bahia não possui laços de amizade e que não presta homenagens a bandidos ou procurados pela Justiça".
O Governo do Estado da Bahia não mantém laços de amizade nem presta homenagens a bandidos nem procurados pela Justiça. A Bahia luta contra e não vai tolerar nunca milícias nem bandidagem.
Na Bahia, trabalhamos duro para prevalecer a Lei e o Estado de Direito.
— Rui Costa (@costa_rui) February 15, 2020
O governador da Bahia afirmou ainda que não irá tolerar milicianos e que a Bahia trabalha duro para que a Lei e o Estado de Direito prevaleça e garantiu que se os bandidos atiram contra pais de família, estes têm o direito de defesa, "mesmo que os marginais tenham amizade com a Presidência da República".
Em tréplica, Bolsonaro afirmou que a PM da Bahia não preservou a vida do foragido e disse que, segundo os peritos consultados pela revista Veja, há indícios de que foi uma execução sumária.
O presidente acrescentou, em nota, que o governador mantém laços de amizades e homenageia bandido, "fato constatado pela visita ao ex-presidente Lula, no dia 27 de junho de 2019, em Curitiba".
Bolsonaro concluiu o texto afirmando que tanto o caso de Marielle Franco como de Adriano da Nóbrega estão sendo investigados e que os brasileiros estão aguardando a elucidação dos crimes.
Segundo a nota divulgada pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, o presidente Jair Bolsonaro é cínico ao citar o caso Marielle, além de covarde e mentiroso por fazer acusações ao PT e ao governador da Bahia, Rui Costa, com a finalidade de desviar a atenção sobre o caso do miliciano, e acrescentou que a vítima era testemunha de que há ligações da família Bolsonaro com o submundo dos criminosos.