O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu na manhã desta quarta-feira (29) a nomeação de Alexandre Ramagem como diretor-geral da Polícia Federal. O pedido atendido por Moraes foi feito pelo PDT. A posse de Ramagem estava programada para ocorrer às 15h desta quarta-feira.

"Defiro a medida liminar para suspender a eficácia do decreto no que se refere à nomeação e posse de Alexandre Ramagem Rodrigues para o cargo de Diretor-Geral da Polícia Federal", diz trecho do despacho feito pelo ministro de Supremo Tribunal Federal.

"Tais acontecimentos, juntamente com o fato de a Polícia Federal não ser órgão de inteligência da Presidência da República, mas sim exercer, nos termos do artigo 144, §1o, VI da Constituição Federal, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União, inclusive em diversas investigações sigilosas, demonstram, em sede de cognição inicial, estarem presentes os requisitos necessários para a concessão da medida liminar pleiteada", acrescentou Alexandre de Moraes.

Suspenso pelo STF, Ramagem é amigo da família Bolsonaro

Na última semana, duas pessoas deixaram seus cargos no Governo Bolsonaro: Maurício Valeixo, que foi exonerado pelo presidente do cargo de diretor-geral da Polícia Federal, e Sergio Moro, que deixou o comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

A saída dos dois e a indicação de Bolsonaro para que Alexandre Ramagem assumisse o cargo de Valeixo gerou debates, já que Ramagem é muito próximo da família de Bolsonaro. Alexandre fazia parte da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Suspensão acontece em meio a investigações de Bolsonaro

A saída de Sergio Moro do governo trouxe algumas acusações do ex-ministro que abriram precedentes para uma investigação.

O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, abriu um inquérito na última segunda-feira (27) a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, para investigar supostos crimes que Jair Bolsonaro teria cometido de acordo com Moro. Dentre esses crimes apontados pelo ex-ministro da Justiça estão falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, dentre outros

No geral, o ex-juiz da operação Lava Jato acusou Bolsonaro de tentar interferir politicamente na Polícia Federal. Além disso, Moro também destacou que Bolsonaro teve acesso a investigações sigilosas do órgão.