O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, convocou uma entrevista coletiva nesta sexta-feira (24) para anunciar sua saída do ministério e fez declarações polêmicas sobre o presidente Jair Bolsonaro.
Moro apontou fraude no Diário Oficial da União no ato que publicava a demissão de Maurício Valeixo, ex-chefe da Polícia Federal, que, segundo ele, teria sido resultado da insistência de Bolsonaro, que não teve um motivo aceitável para fazer a demissão.
A demissão de Valeixo foi publicada no Diário Oficial da União, como "a pedido" do próprio ex-diretor-geral, com as assinaturas eletrônicas tanto de Bolsonaro, quanto de Moro.
Contudo, segundo à Folha de S.Paulo, o ex-ministro não assinou a medida formalmente e tampouco fora informado oficialmente pelo Palácio do Planalto sobre a publicação.
Sergio Moro ainda informou que o presidente queria ter acesso privilegiado à informações e relatórios confidenciais da inteligência da Polícia Federal. E acusou Bolsonaro de descumprir uma promessa feita à ele, em que ele teria acesso à "carta branca".
Ainda sobre Bolsonaro, o juiz declarou que sua credibilidade na relação do governo com a lei foram abaladas e disse que como juiz federal, ele tem o dever de proteger a PF. Moro também fez uma comparação entre atual gestão do governo e o governo do PT, dizendo que durante o comando de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff a corporação tinha mais autonomia.
Em relação à uma possível indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF), Moro disse que nunca houve uma condição para ele ser ministro em troca de uma vaga no STF. A única condição que ele impôs à Bolsonaro, foi de que o presidente conseguisse uma pensão para sua família, caso "algo lhe acontecesse". Em novembro deste ano e em julho de 2021 seriam abertas novas vagas para o STF após a aposentadoria compulsória dos ministros Celso de Mello e Marco Aurélio Mello.
A indicação ao cargo é feita pelo presidente em exercício e depois é avaliada pelo Senado.
Confira a coletiva na íntegra:
Moro já havia pedido demissão ao presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (23) após a decisão de exonerar Valeixo, Sobre sua participação no governo, ele revelou que se via como um garantidor da lei, imparcialidade e autonomia das instituições.
Moro fala sobre prisão de Lula
Após a divulgação de mensagens obtidas pelo Intercept, em 9 de junho de 2019, a imparcialidade do juiz foi colocada em dúvida. Na ocasião, Moro havia indicado uma testemunha que poderia colaborar para a apuração sobre o ex-presidente Lula no caso do tríplex do Guarujá.
Hoje (24), durante a coletiva, Sergio Moro revelou que foi graças a autonomia de Maurício Valeixo que o ex-presidente Lula conseguiu ser solto, após ele comunicar às autoridades judiciárias sobe o a possibilidade de rever a ordem de prisão ilegal.