A política brasileira vive, certamente, dias difíceis, com troca de acusações e movimentações surpreendentes como o pedido de demissão do ministro da Justiça, Sergio Moro, na última sexta-feira (24). E o noticiário político ganhou novos capítulos com o vazamento de um áudio atribuído à deputada federal Joice Hasselmann. Na conversa, a parlamentar do PSL de São Paulo pede a criação de perfis para rebater ataques de adversários.

O caso foi revelado pelo portal R7. No áudio, a deputada pede para a pessoa, não identificada, para “entrar de sola no Twitter” porque colocariam robôs “em cima de mim”.

Joice diz que chegava a São Paulo para conceder entrevistas.

Este caso do áudio, segundo o portal R7, foi citado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), na segunda-feira (27). Na ocasião, ele reafirmou que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura as fake news tem o único propósito de desgastá-lo politicamente.

Bolsonaro não citou o nome de Joice Hasselmann, mas a qualifica de “muito ativa na CPMI”. O presidente disse que está evitando, há um mês, que o áudio seja divulgado e que esse fato “pegaria mal pra ela”.

Com a palavra, Joice

A deputada federal rebateu o presidente. Ao contrário do que divulgou Bolsonaro, segundo Joice Hasselmann, o pedido é para apoiadores criarem perfis para contrapor as críticas.

Em nota, Hasselmann diz que o áudio atribuído a ela não trata da criação de perfis falsos. Ela reafirma que solicitou a criação de dois perfis oficiais denominados “EquipeJH” e “Verdade JH” para defendê-la de acusações. E “não para atacar ninguém”.

Ela também usou a rede social Twitter para responder sobre o áudio vazado. Diz que pedirá investigação da Polícia Federal para apurar se o telefone dela foi grampeado.

Pedidos de impeachment de Bolsonaro

Segundo o portal da Câmara dos Deputados, desde sexta-feira (24), o Legislativo recebeu três pedidos de impeachment, um deles é da ex-aliada de Bolsonaro, Joice Hasselmann.

O presidente da República é apontado em crimes de responsabilidade previstos na Constituição.

O pedido de Joice Hasselmann refere-se a “manobras de interferência na Polícia Federal”. Também cita o crime de falsidade ideológica. Na opinião da deputada, a exoneração de Maurício Valeixo da diretoria geral da PF se trata de uma interferência no comando da PF. O novo diretor foi nomeado nesta terça-feira (28). Trata-se de Alexandre Ramagem, que atuava na Agência Brasileira de Inteligência, a Abin.

O ex-ministro e ex-deputado federal Ciro Gomes (PDT) assina outro pedido de impeachment. Randolfe Rodrigues, senador, pela Rede Sustentabilidade, aponta o presidente como descumpridor de dispositivos constitucionais, em especial os que se relacionam ao Estado Democrático de Direito. Há outros 27 pedidos protocolados, de acordo com a Câmara dos Deputados.