Durante uma coletiva de imprensa em frente ao Palácio da Alvorada, no dia 05/05/2020, o atual presidente Jair Messias Bolsonaro disse aos jornalistas e aos seus apoiadores que o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro teria cometido um crime federal ao entregar a conversa privada dos dois ao "Jornal Nacional".
Ele contrariou o que Sergio Moro havia dito ao jornal da Rede Globo, dizendo que nunca pediu relatórios de inquéritos da Polícia Federal (PF). De acordo com o presidente, a conversa que Moro entregou a emissora continha relatórios pessoais de presidência, e que ao entregar o telefone, o ex-ministro cometeu um crime federal.
Na mesma coletiva, Bolsonaro apresentou ao vivo a conversa que Moro havia entregado ao "Jornal Nacional", mostrando, inclusive, a parte em que ele envia uma reportagem e diz que ela era mais um motivo para trocar o Diretor Geral da Polícia Federal. A reportagem em questão é do site O Antagonista e diz que a PF está investigando cerca de 12 deputados, inclusive um dos filhos do presidente, Carlos Bolsonaro.
As denúncias de Sergio Moro
No dia 24/04/2020, Sérgio Moro pediu demissão de seu cargo de Ministro da Justiça e Segurança Pública, logo depois do presidente Jair Bolsonaro exonerar Maurício Valeixo do cargo de Diretor Geral da Polícia Federal.
De acordo com o ex-ministro, o presidente queria trocar o Diretor da PF para infiltrar alguém de confiança e conseguir dados de investigações secretas da PF.
Ainda segundo Moro, ele queria, principalmente, intervir na sede da polícia no Rio de Janeiro, pois o seu primeiro filho, o senador Flávio Bolsonaro, está sendo investigado por praticar "rachadinha" ainda quando era deputado.
As acusações passaram a ser ainda mais investigadas após Bolsonaro revelar que indicaria seu amigo Alexandre Ramagem para ocupar a direção da PF, o que Moro havia dito que ele tentaria fazer.
Contudo, Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), bloqueou a nomeação de Ramagem, alegando que o presidente teria sido influenciado por motivos pessoais ao fazer a indicação, o que é inconstitucional e não deve ocorrer em uma ocupação de um cargo público.
As suspeitas tiveram base devido ao fato de que Alexandre Ramagem é amigo de Carlos Bolsonaro e tem fotos com a família Bolsonaro durante o Réveillon de 2019.
Ele também fez parte da segurança pessoas do presidente, inclusive, ocupava o cargo chefe da segurança quando Bolsonaro levou o golpe de faca na cidade de Juiz de Fora, em 2018.
No dia 02/05/2020, o ex-ministro foi na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba e prestou depoimento por mais de 8 horas, que teria começado as 14h20 e terminado as 22h40. Durante todo o depoimento, Moro reafirma suas acusações ao presidente Bolsonaro, em relação aos crimes relacionados à intervenção em investigação da Polícia Federal.