Neste sábado (4) o Ministério da Saúde está completando quase dois meses sem um titular para assumir a pasta. A vaga está sendo temporariamente ocupada pelo general Eduardo Pazzuello, que tem como uma de suas missões enfrentar a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), que tem alcançado grande parte da população brasileira. O presidente Jair Bolsonaro ainda não se manifestou quando à escolha de um novo titular para a pasta.

Pandemia: Mudanças de Ministros na Saúde

No início do governo Bolsonaro era Luiz Henrique Mandetta (DEM) que assumia a pasta da Saúde, mas depois que houve o advento do novo coronavírus (Covid-19) no Brasil, Mandetta e Bolsonaro tiveram discordâncias quanto à forma de lidar com a pandemia o que culminou na geração de uma vaga ao cargo, abrindo caminho para Nelson Teich, que assumiu a pasta no dia posterior.

Entretanto, Teich não conseguiu assumir o cargo e, por algum motivo a mais, pediu demissão com menos de mês no cargo.

Atualmente a pasta está sob o comando de Pazuello, que abraçou a ideia de Bolsonaro. Ao invés de manter a defesa do distanciamento social com rigor, salientou a recomendação, em 20 de maio, de que a população fizesse o tratamento sem aval de entidades científicas ou médicas com a cloroquina. A medida atropelou recomendações da própria Organização Mundial de Saúde (OMS), que afirmava sobre a ineficácia do medicamento no tratamento da doença.

Atualmente o governo tem atribuído a defesa do distanciamento e das medidas de proteção aos estados e municípios, sob o argumento de que o Supremo Tribunal Federal (STF) retirou tal poder da união federal.

Desarticulação no Ministério tem prejudicado

Gulnar Azevedo, médica sanitarista, afirma que a ‘falta de articulação" do ministério no combate ao Covid-19 tem aumentado o descontrole da pandemia em todo o país. Pazzuello não foi formado para assumir essa responsabilidade, o que acaba prejudicando a tomada de decisões acertadas, segundo Azevedo.

De acordo com o médico e colunista do Estadão, Sérgio Cimerman, o ministério que está sob o comando de Pazzuello está formando uma equipe e tomando decisões ‘acéfalas’. O fundamento do comentário é que as decisões não possuem base em nenhuma comunidade científica, provocando na população uma sensação de pânico e alienação.

Atualmente o Brasil está em segundo lugar no ranking de casos de contaminação e mortes por coronavírus, tendo um total de óbitos se aproximando de 64.000 e com mais de 1,5 milhão de casos positivos.

Único interino a assumir a pasta por tanto tempo

Em 1953, Antônio Balbino comandou temporariamente a pasta do Ministério da Saúde entre os meses de agosto a dezembro daquele ano. Na época Balbino era chefe do Ministério da Educação e o governo teve a necessidade de separar o que, na época, era o Ministério da Educação e Saúde, desdobrado também no da Cultura.

Em 1954, Miguel Couto Filho assumiu a pasta e Balbino se manteve na Educação. Portanto, essa é a segunda vez em que o Ministério da Saúde fica sem titular por tanto tempo.