O caso da menina de 10 anos que foi abusada pelo tio por anos e acabou engravidando movimentou o Brasil nos últimos dias. A menina só contou sobre o crime após ir ao médico com dores e a gravidez ser constatada. Segundo a mesma, o tio fazia ameças para evitar que o crime viesse à tona.

Justiça autorizou aborto na menina

O caso veio à tona no dia 8 de agosto, após a menina ir ao médico em São Mateus, no ES, e na sexta-feira (14), a Justiça capixaba autorizou que fosse realizado um procedimento para interromper a gravidez da menina. A decisão foi baseada na lei brasileira que autoriza o aborto nos casos de abuso, risco de vida para a mãe e nos casos de anencefalia fetal.

Após negativa de um hospital do ES em realizar o procedimento, a menina foi levada no domingo (16) para Recife, em Pernambuco. O assunto da realização do aborto na menina já estava rendendo polêmicas nas redes sociais, e piorou depois que a ativista Sara Winter usou suas redes sociais para divulgar os dados pessoais da menina e o local onde seria realizado o aborto.

Manifestantes religiosos e pessoas contra o aborto foram para a porta do hospital para tentar impedir o procedimento na menina. Eles fizeram uma corrente humana na porta da unidade de saúde e tentaram impedir a entrada do médico que realizaria o aborto, chamando-o de assassino.

O procedimento começou a ser realizado no domingo e foi concluído na segunda-feira (17).

Após os médicos concluírem que a menina estava passando bem, ela recebeu alta médica nesta quarta-feira (19), podendo voltar para casa e retomar a sua vida.

O suspeito de cometer o crime contra a menina foi preso nesta terça-feira (18), em Betim, Minas Gerais. O homem estava escondido na casa de familiares e resolveu se entregar temendo pela sua vida.

A menina disse que estava aliviada após saber que o homem foi preso e disse que agora seu avô podia sair de casa. O suspeito ameaçava fazer alguma coisa contra o avô da menina para evitar que ela contasse dos abusos.

MP entra com processo contra Sara Winter

O Ministério Público do Espírito Santo entrou com um processo contra a ativista, por ela ter divulgado os dados da menina.

Na ação, eles pedem que a mulher pague a quantia de R$ 1,3 milhão por dano moral e, caso ela seja condenada, o dinheiro será revertido para o Fundo de Direitos da Criança e do Adolescente de São Mateus.

Fagner Cristian Andrade Rodrigues, autor da ação, disse que a extremista expôs a menina e sua família, afrontando e ofendendo a ordem jurídica que visa proteger as crianças e os adolescentes, e conclamou as pessoas a se manifestarem contra o aborto, o que culminou com os manifestantes indo até à porta do hospital, em Recife.

Para o promotor, a conduta de Sara Winter está incluída dentro de uma estratégia midiática com viés político-sensacionalista, expondo a condição de uma criança de apenas 10 anos.

Ele disse ainda que a mulher desrespeitou a Constituição Federal, que garante a inviabilidade da integridade física, moral e psíquica das crianças e adolescentes, bem como a preservação de suas imagens.

Após pedido da Justiça, o YouTube excluiu o canal da extremista, onde ela divulgou os dados pessoais da vítima. Eles declararam que encerram qualquer canal que viole as regras sobre o conteúdo publicado.