As eleições municipais de 2020 chamaram a atenção pela alta rejeição dos eleitores ao nome Bolsonaro. Além do fraco desempenho dos candidatos a prefeito e vereadores apoiados publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), vários candidatos que se inscreveram usando o sobrenome do presidente acabaram com um péssimo resultado nas urnas.
Um exemplo disso aconteceu na cidade de Laranjal do Jari (AP). O candidato a vereador Jair Sousa Silva, que se inscreveu com o nome de Jair Bolsonaro, recebeu pouco mais de 20 votos. Outro caso semelhante aconteceu na cidade de Maceió (AL), onde Jair Reis Bolsonaro, candidato a vereador pelo PTB, recebeu menos de 40 votos.
De acordo com os registros informados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no total, 83 candidatos de 24 estados se inscreveram nas eleições com o nome Bolsonaro, entretanto, alguns acabaram desistindo da candidatura, enquanto outros tiveram seus registros indeferidos. Ao todo, 78 "Bolsonaros" participaram das eleições, sendo 73 candidatos a vereador, três concorrendo ao cargo de prefeito e dois a vice-prefeito.
Partidos que mais usaram o nome Bolsonaro nas urnas
Em geral, o PSL foi um dos partidos onde os postulantes a cargos políticos mais adotaram o nome Bolsonaro. No total, foram 16 candidatos. Na sequência vem o Patriota, com 10, e o Republicanos, com 8. Um fato que chamou a atenção é que até o PDT, partido de oposição ao Governo, teve um aspirante a vereador que adotou o sobrenome de Bolsonaro durante sua campanha eleitoral.
Apesar da tentativa de alguns de se eleger adotando a alcunha presidencial, foram raros os casos em que o presidente da República manifestou apoio aos candidatos identificados com o seu nome. Em algumas ocasiões, os postulantes até foram citados pelo presidente durante suas lives semanais.
No total, Bolsonaro pediu voto para 59 candidatos.
O caso mais famoso foi o da ex-funcionária parlamentar de Bolsonaro, Walderice Santos, que concorreu usando o nome Wal do Açaí. A mulher ficou muito conhecida na cidade após uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo, que citou Wal como funcionária fantasma do presidente na época em que o mesmo ainda era deputado federal. Ela concorreu a uma vaga de vereadora em Angra dos Reis (RJ), e mesmo recebendo apoio do ex-chefe, acabou recebendo pouco mais de 260 votos, sendo uma das menos votadas na cidade.
Candidatos bolsonaristas sem relação próxima com Bolsonaro
A maior parte dos ''Bolsonaros'' jamais teve qualquer tipo de relação com o atual presidente da República. Além de Jair Bolsonaro de Maceió, outro candidato bolsonarista que nunca teve contato com o presidente, mas acabou ganhando destaque pelo seu nome de urna, foi Gargamel Bolsonaro, identificado como Antônio Carlos Widgenant, que concorreu ao cargo de vereador, pelo PSL, na cidade de Brusque (SC).
Na ocasião, Antônio juntou o apelido recebido durante um relacionamento amoroso na época da faculdade, aliado ao sobrenome da família do presidente. Em entrevista ao G1, Gargamel disse que chegou a pensar em pedir apoio a Jair Bolsonaro, mas acabou desistindo da ideia após o presidente afirmar que daria apoio apenas as pessoas mais próximas.
Apenas um Bolsonaro foi eleito
Procurado pela reportagem do G1, o Palácio do Planalto preferiu não comentar o fraco desempenho dos aliados do presidente nas urnas. O fato é que dos 78 candidatos com o nome Bolsonaro, apenas Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, conseguiu se eleger. Mas ao contrário da última eleição, em 2016, desta vez Carlos recebeu 35 mil votos a menos, totalizando 71 mil. Há quatro anos, o filho do presidente foi o segundo vereador mais votado do Rio de Janeiro, somando 106 mil votos, atrás apenas de Tarcísio Motta, do PSOL.
Seguindo os passos do filho, a mãe de Carlos, Rogéria Bolsonaro, também tentou uma vaga na Câmara Municipal do Rio, após ficar 20 anos afastada da vida pública. A mulher foi uma das candidatas menos votadas, somando pouco mais de 2 mil votos.