Após o fraco desempenho dos seus aliados políticos nas eleições municipais do último domingo (15), o presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar o sistema eleitoral do Brasil.
Na manhã desta terça-feira (17), em discurso para simpatizantes na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro voltou a defender que o povo clama pela volta do sistema de voto impresso. "Muita gente fala sem ouvir o povo.
No meu caso, estou sempre ouvindo a população. Eles querem um sistema de apuração que possa demorar um pouco mais, mas que seja garantido que o voto que essa pessoa deu vá para aquela pessoa de fato", disse.
Em 2019, a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) apresentou no Congresso Nacional um projeto de lei que determina a impressão das cédulas de papel na hora do voto. O texto determina que as cédulas poderão ser conferidas pelo votante e deverão ser colocadas em urnas privadas de maneira automática, sem contato manual, para fins de monitoramento. Ainda de acordo com a deputada Bia, a proposta tem como objetivo fiscalizar melhor o pleito eleitoral no Brasil.
Bolsonaro questiona a confiabilidade das urnas eletrônicas
Após ser informado que durante a apuração do último domingo (15) houve uma tentativa de invasão ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro voltou a comentar sobre a credibilidade das urnas eletrônicas na apuração dos votos.
Em nota, o TSE informou que apesar do ataque não foi registrado nenhum indício de fraude e conseguiu identificar a origem dos ataques vindos de países como Estados Unidos, Nova Zelândia e do próprio Brasil.
A nota afirma ainda que a investida em massa não conseguiu quebrar as barreiras de segurança de Tecnologia da Informação da Justiça Eleitoral. A pedido do jornal El País, o site SaferNet, responsável em investigar sites extremistas, fez uma investigação sobre o assunto.
A suspeita é que os responsáveis pelo acometimento estejam ligados a grupos bolsonaristas que tinham a intenção de invadir o sistema do TSE com o intuito de gerar informações conspiratórias sobre a alegação de que os resultados das urnas eletrônicas não são confiáveis.
As informações da SaferNet foram encaminhadas ao Ministério Público Federal (MPF), que investiga o caso. O MPF suspeita que os ataques foram promovidos pelos mesmos grupos indiciados em inquéritos das fake news, os quais promovem atos antidemocráticos e ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Ala de Bolsonaro pressiona pela volta do sistema impresso
Apesar de não ter consenso entre os parlamentares, o projeto da deputada Bia Kicis foi aprovado na pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal.
Na ocasião, deputados da ala de bolsonarista também organizaram uma Frente Parlamentar Mista pela Contagem de Votos, com o intuito de pressionar a implantação do sistema de votação impressa.
Divergindo do assunto, o TSE afirma que o voto eletrônico é seguro e auditável, além disso, a Justiça Eleitoral garante que o atual modelo de votação é inviolável.
Outra justificativa para não aderir à implantação do voto impresso é que isso possa gerar um gasto de R$ 1,8 bilhão aos cofres públicos. A análise da Procuradoria-Geral da República (PGR) também deu parecer contrário ao projeto da deputada Bia Kicis, classificando a PL como inconstitucional e desrespeitoso ao sigilo do voto.
Aliados de Bolsonaro também questionam resultados das urnas
Os aliados de Bolsonaro também se pronunciaram sobre o fraco desempenho da ala bolsonarista nas eleições municipais e aproveitaram a ocasião para levantar dúvidas sobre o sistema eleitoral do Brasil. Seguindo essa linha de raciocínio, a deputada-federal Carla Zambelli (PSL-SP) foi uma das bolsonaristas a se manifestar publicamente sobre o assunto.
Por meio de seu perfil no Twitter, Zambelli mostrou sua indignação com o resultado no pleito, postando a seguinte mensagem: “O que houve com os conservadores? Erramos, nós pulverizamos ou sofremos uma fraude monumental”.