Rui Irigaray é um deputado estadual do Rio Grande do Sul. O parlamentar do PSL foi acusado pela ex-funcionária Cristina Nebas de manter um "gabinete do ódio" com mais de 50 smartphones para postar notícias e atacar políticos adversários. Segundo a ex-funcionária, o gabinete criava perfis falsos nas redes sociais para questionar políticos sem comprometer a imagem de Irigaray.
Cristina levou o caso ao Ministério Público, para o qual entregou vídeos, fotos e trocas de mensagens.
O deputado também foi acusado de fazer com que servidores que trabalham em seu gabinete trabalhassem como empregada doméstica, babá, fazendo reformas na casa de sua sogra e ainda cuidassem de seu cachorro no horário em que deveriam estar prestando serviços para o parlamentar. Ele ainda é acusado de ficar com parte dos salários dos funcionários, no esquema conhecido como "rachadinha". Rui Irigaray nega todas as acusações.
Fantástico
Assim que as denúncias se tornaram públicas na noite do último domingo (14), por meio de reportagem da TV RBS que foi veiculada pelo "Fantástico", da Rede Globo, Manuela d’Ávila (PCdoB), que foi candidata à prefeitura de Porto Alegre em 2020, postou em seu Twitter que a denúncia a fez recordar da “violência dos seus eleitores na porta da minha casa em 2018".
Na ocasião, Manoela era candidata à vice-presidente na chapa do petista Fernando Haddad.
Em declaração ao UOL, a ex-deputada afirmou que no Rio Grande do Sul são ao menos quatro “gabinetes do ódio”, que são organizados de forma autônoma que se retroalimentam e se abastecem. Rui Irigaray era parte integrante disso, afirmou Manuela d’Ávila, que ainda disse que essas pessoas, de forma permanente, organizaram agressões contra os opositores políticos.
Manuela ainda afirmou que o assédio não se limitou apenas à internet, mas que chegou até a sua casa. Na corrida presidencial de 2018, eles estacionaram na porta de seu edifício um caminhão-tanque, do tipo dos que são aposentados pelas Forças Armadas, com adesivos de Irigaray e vários “17”, o número do PSL, partido que não época o então candidato a presidente Jair Bolsonaro fazia parte.
O termo “gabinete do ódio” se referia inicialmente a um grupo de servidores públicos lotado no Palácio do Planalto responsável por atacar desafetos do atual presidente nas redes sociais. O grupo é acusado de promover manifestações antidemocráticas em 2020 e de disseminar fake news.
O deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS) foi vítima de uma postagem no Facebook que foi feita por um dos perfis falsos que foi criado pelo gabinete do ódio sulista. Cristina Nebas entregou os prints da mensagem para Nunes, ele então pediu a abertura de investigação ao Ministério Público. Manuela d’Ávila afirmou que Bibo Nunes também faz uso da mesma prática e que isto mostra que está havendo uma briga pelo comando do PSL no estado.
Irigaray declarou à RBS que a ex-servidora se ofereceu para trabalhar em sua casa. O deputado afirmou ainda que ela recebeu pelas tarefas domésticas. O MP-RS declarou que irá investigar se houve improbidade administrativa.