Um bilhete apócrifo (com autoria desconhecida) foi a gota d’água para ação contra a Lava Jato, segundo informações da revista Veja. Policiais federais confiscaram o documento em julho de 2015, e o ministro Humberto Martins, presidente do STJ, decidiu determinar que fosse aberto um inquérito sigiloso com o objetivo de investigar a Operação Lava Jato. O bilhete que foi apreendido há quase 6 anos no apartamento do consultor Flávio Lúcio Magalhães foi encontrado no mês passado no arquivo de mensagens que foram hackeadas dos aparelhos telefônicos dos procuradores da operação liderada por Deltan Dallagnol.

Manuscrito causou euforia entre procuradores da Lava Jato

A revista Veja noticiou que as mensagens que foram hackeadas revelam que a existência do manuscrito, que foi confiscado com Flávio Lúcio, provocou euforia entre os procuradores, que comemoraram o "trunfo" em diálogos por meio do Telegram, um aplicativo de conversas. A revista afirmou que teve acesso a alguns trechos dessas conversas que mostram os procuradores celebrando por conseguir fazer a relação do consultor, que na época era alvo de mandado de prisão temporária, a Leonardo Meirelles, que foi associado a operações cambiais fraudulentas que eram investigadas pela força-tarefa. Ainda segundo a revista, algumas conversas mostram que os procuradores afirmaram que o manuscrito poderia funcionar como uma prova de “propina para assessores” dos ministros do Supremo Tribunal de Justiça.

STJ quer confirmar suspeita sobre procuradores da Lava Jato

A Veja noticiou que o STJ pretende usar o inquérito para solicitar apreensões, buscas e provas para confirmar que os procuradores da força-tarefa supostamente queriam constranger os ministros do STJ. Recentemente, o presidente da Corte teria buscado apoio dos demais colegas, como integrantes das turmas criminais que já julgaram casos que envolvem a operação.

Além disso, ele teria exposto a juízes seus motivos. Estes juízes, por serem mais antigos, fazem parte da Corte Especial, que poderá julgar a legalidade do processo investigativo.

Segundo informações da revista Veja, Humberto Martins repete os procedimentos do STF, que em 2019 decidiu investigar a origem de ataques e ameaças a juízes.

O STF apurou, expediu ordens de busca e prisão e quebrou sigilos daqueles apontados como integrantes de uma rede de ameaças contra os juízes na web.

O que dizem o presidente do STJ e a Lava Jato

A revista Veja tentou entrar em contato com Humberto Martins sobre o inquérito que foi aberto no STJ, entretanto, ele não quis comentar sobre o assunto. Já a Lava-Jato afirmou que os integrantes da força-tarefa jamais fizeram ato de investigação sobre condutas de ministros do STJ nem de qualquer outra autoridade. A Lava Jato ressaltou que estão tentando "criar artificialmente um ambiente de irregularidades e ilegalidades que jamais existiu para favorecer retrocessos no combate à corrupção”.